As primeiras duas semanas de 2025 servem como uma prévia do que vem por aí até, pelo menos, 4 de outubro do ano que vem, quando será realizado o primeiro turno das eleições gerais — e vamos eleger presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais (distritais, no caso da capital federal). E o caso do vaivém na fiscalização da Receita sobre o meio de pagamento mais utilizado pela população, o Pix, é um bom exemplo de como será a relação nas redes sociais a partir de agora.
Após o sucesso de engajamento do vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais, no Instagram, o governo Lula se viu obrigado a recuar e revogar a norma que ampliava a fiscalização para transações acima de R$ 5 mil. Apesar de a gravação conter imprecisões sobre o Imposto de Renda e efeitos sobre microempreendedores individuais, os MEIs, o congressista explora a percepção de injustiça na sociedade, enfatizando o cerco financeiro à população de classe baixa empreendedora, um público com o qual o governo tem dificuldade de comunicação, como motoristas de aplicativo, cabeleireiros, feirantes, entre outros.
Ao elencar medidas tomadas pelo Lula 3 em temas sensíveis, como o imposto das compras no exterior, a famosa taxa das blusinhas, e associá-las à "taxação do Pix", Nikolas tornou a situação do governo praticamente insustentável. E o sucesso do vídeo, que passa de 230 milhões de visualizações, surge logo após a Meta, a controladora de Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciar mudanças na gestão do conteúdo publicado por usuários.
Tudo leva a crer que, segundo as palavras do próprio dono da Meta, Mark Zuckerberg, a partir de agora, conteúdos políticos passarão a ser recomendados aos usuários do Facebook e Instagram, mesmo que as postagens não sejam de contas que seguem. É uma mudança importante até porque, extraoficialmente, a postura era limitar o alcance de publicações relacionadas a esses temas.
Com isso, a forma de comunicação da classe política com a sociedade tende a mudar, com uma constância cada vez maior de temas, como a "taxação do Pix", furarem a bolha da dicotomia política e encontrarem eco na maioria da população. Estratégias de impulsionamento de conteúdo estarão ainda mais presentes na atuação dos marqueteiros tanto de esquerda quanto de direita.
A preocupação constante com fake news e desinformação se mostra ainda mais necessária. Afinal, desmentir uma mentira nunca tem o mesmo alcance da inverdade em si. Como nos mostraram as duas últimas eleições presidenciais, as redes sociais se tornaram o principal campo de batalha política. E tenho certeza de que viveremos novos tempos nessa seara.
redegn com informações Correio Braziliense Foto ilustrativa reprodução
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