Petrolina é o município do Sertão de Pernambuco com maior índice de violência doméstica, apresentando o total de 2.532 casos. Os dados são da Secretaria de Defesa Social (SDS), que analisou o número de vítimas do sexo feminino no estado, de janeiro a novembro de 2024. O g1 Petrolina também apurou os dados de mais 22 municípios da região.
Em Salgueiro, o número de casos chegou a 660 nos últimos 11 meses, seguido por Araripina com 542, Cabrobó com 370 e Ouricuri com 245. Outros municípios também apresentaram altas taxas de violência doméstica este ano. Trindade teve 191 casos, Santa Maria da Boa Vista, 171, e Bodocó, 147.
Veja abaixo o gráfico com a posição de 23 cidades da área de cobertura do g1 Petrolina, localizadas no Sertão de Pernambuco, e o número de casos registrados em 2024.
Os altos índices de Petrolina não se destacam apenas na região. De acordo com os dados divulgados pela SDS, a cidade ocupa a 4º colocação no estado de Pernambuco como uma das mais violentas quando se trata de crimes no contexto doméstico, ficando atrás apenas de Recife, com 9.014 casos, Jaboatão dos Guararapes, com 4.056 casos, Paulista, com 3.156 e Olinda com 2.938.
O g1 conversou com o delegado da 3ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Petrolina (DEAM), Gregório Ribeiro, que relatou que os dados sobre violência doméstica poderiam ser ainda maiores na cidade, devido os casos que não são denunciados. Gregório também destaca que na maioria das ocorrências, a vítima só procura ajuda quando não suporta mais as agressões.
"Em Petrolina há uma estabilidade nos números, quando comparados a 2023, com uma pequena redução. Porém, o que verificamos no dia a dia é que o número poderia ser maior. Ainda há uma considerável subnotificação. Em muitos casos a vítima procura a delegacia somente quando as agressões físicas e psicológicas já estão insustentáveis. Ou seja, muitos casos deixam de ser registrados pelo simples fato da vítima acreditar que o agressor vai mudar e vai deixar de agredi-la. O que nunca ocorre", explica.
Com o alto número de casos, Petrolina manteve uma média mensal de 200 registros relacionados à violência doméstica contra a mulher. Com exceção do mês de julho, que somou 181 denúncias. Já o mês de outubro foi o mais violento, com 273 casos registrados.
Ainda de acordo com o Delegado Gregório Ribeiro, a maioria das ocorrências referentes à violência doméstica são por ameaça e lesão corporal. O g1 também teve acesso à informação de que Petrolina possui, somente nos 11 meses de 2024, um total de 1.460 medidas protetivas solicitadas através da Delegacia da Mulher.
É considerada violência doméstica quando o delito for cometido mediante ação ou omissão baseada no gênero, for cometido contra a mulher causando a morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico. E, também, causando dano moral ou patrimonial no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família, ou em qualquer relação íntima de afeto. Confira os tipos abaixo.
Ameaça por violência doméstica/familiar;
Calúnia por violência doméstica/familiar;
Constrangimento ilegal por violência doméstica/familiar;
Dano por violência doméstica/familiar;
Difamação por violência doméstica/familiar;
Estupro de vulnerável por violência doméstica/familiar;
Estupro por violência doméstica/familiar;
Homicídio por violência doméstica/familiar;
Injúria por violência doméstica/familiar;
Lesão corporal por violência doméstica/familiar;
Maus tratos por violência doméstica/familiar;
Perturbação do sossego por violência doméstica/familiar;
Vias de fato por violência doméstica/familiar e outros crimes por violência doméstica/familiar.
Muito fatores podem influenciar os casos de denúncia de violência doméstica sofrida por mulheres e o retorno do convívio com os agressores dentro de casa. O grande problema desse tipo de situação, está ligada a questão financeira e ao contexto social, como destaca o Delegado Gregório Ribeiro.
"O maior desafio enfrentado pelas mulheres hoje é quanto à questão social e financeira. Hoje, Petrolina tem uma boa rede de proteção às mulheres. Porém, a gente constata que, em muitos casos, as vítimas tendem a retornar para os agressores em razão da dependência financeira. Algo que foge de nossa alçada".
Confira os Canais de Denúncia em Petrolina
Através do telefone (87) 3866-6625, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), ou pessoalmente, na Avenida das Nações, número 220, Centro. A DEAM funciona 24 horas por dia;
Pelo número 180, da Central de Atendimento à Mulher, que funciona 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana e feriados;
Pelo número 190, acionando a Polícia Militar quando o crime estiver acontecendo.
Através do 153, acionando a Guarda Civil Municipal, também em situações cuja violência esteja acontecendo no momento.
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