A docente Ana Luisa Araújo de Oliveira, do Colegiado de Engenharia Agronômica (Ceagro) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), ministrou na última terça-feira (19) a palestra “Mudanças Climáticas e o Protagonismo da Juventude Rural” durante a 5ª Plenária Nacional da Juventude Rural. Em sua apresentação, destacou a importância do papel dos jovens na disseminação de informações acessíveis sobre mudanças climáticas para as comunidades rurais. Promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), o evento reuniu cerca de 200 jovens de diversas regiões do Brasil em Brasília (DF) e encerrou suas atividades na manhã de ontem (21).
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), a agricultura familiar é um dos setores mais expostos aos efeitos das mudanças climáticas, pois eventos climáticos extremos podem afetar a qualidade de vida das comunidades rurais, além de comprometer a produção de alimentos, o que pode intensificar a insegurança alimentar e nutricional. Segundo Ana Luisa Oliveira, a juventude rural desempenha um papel importante nesse contexto, seja pelo acesso às tecnologias e pela capacidade de implementá-las para contribuir com a adaptação e mitigação da agricultura familiar frente aos impactos ambientais, seja pela tradução das informações sobre as mudanças climáticas para os agricultores.
Na palestra da 5ª Plenária Nacional da Juventude Rural, a docente destacou que muitas informações sobre mudanças climáticas são apresentadas em uma linguagem frequentemente difícil de compreender para quem vive no meio rural. Assim, o jovem assume o protagonismo ao traduzir essas informações por meio da comunicação popular e da produção de materiais didáticos, garantindo que as informações cheguem de forma adaptada à população rural. "As mudanças climáticas já são uma realidade, e essa juventude tem muito a contribuir dentro dessas perspectivas, tanto pela sua presença nos espaços de discussão política quanto pela tradução, para os agricultores, de informações repletas de siglas, palavras novas e difíceis”, afirmou Ana Luisa.
A docente do Ceagro também ressaltou a relevância de os jovens participarem dos espaços de tomada de decisão de políticas públicas, seja em conselhos, plenárias, comitês etc. “É importante que eles façam parte da construção de políticas públicas, especialmente aquelas voltadas para a agricultura, como políticas agrícolas e de preservação ambiental. Essas políticas estão diretamente relacionadas ao ambiente de produção, o que assegura nossa segurança alimentar no país, na produção de alimentos saudáveis”, disse.
A secretária de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Contag, Mônica Bufon, destacou que a participação da professora Ana Luisa contribuiu ao trazer conhecimento científico sobre questões ambientais e ao inspirar a juventude rural a se enxergar no espaço acadêmico. “As universidades podem e estão contribuindo muito para o fortalecimento da juventude rural, pois têm nos escutado e realizado um levantamento de dados fundamentais para o aprimoramento das políticas públicas. Entender que precisamos pensar em uma educação que valorize esse sujeito e ressalte a importância desses sujeitos é essencial para uma sucessão rural qualificada”, afirmou Mônica.
O papel das universidades na vida da juventude rural, por meio da pesquisa, ensino e extensão, também foi destacado pela secretária de Política Agrícola da Contag, Vânia Marques Pinto. “Sabemos que a população do campo, das florestas e das águas sofre com a ausência de políticas públicas, e a universidade, ao adotar um olhar mais social sobre a realidade do campo brasileiro, pode contribuir para o desenvolvimento desses territórios e para a melhoria da vida das pessoas que ali vivem”, ressaltou.
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