Artigo: Vale tudo por um like? A Ética no Compartilhamento de Conteúdos Sensíveis nas Redes Sociais

Alerta de Conteúdo Sensível: Este texto aborda temas sensíveis relacionados ao suicídio e ao impacto do compartilhamento de conteúdos nas redes sociais. Se você está em um momento emocionalmente delicado, considere se deseja continuar a leitura e lembre-se de que procurar apoio pode ser uma forma valiosa de cuidado.

Com o constante aumento do uso das redes sociais, o compartilhamento de temas sensíveis, como o suicídio, também se intensificou. Abordar um tema tão delicado requer atenção e cuidado. Postagens que divulgam detalhes de casos, cartas ou vídeos de despedida ou métodos utilizados desrespeitam a privacidade das famílias e podem ser especialmente prejudiciais para pessoas emocionalmente vulneráveis, expondo-as ao risco do "efeito contágio" – a imitação de comportamentos por influência.

Falar sobre suicídio é, sim, importante, mas é fundamental que essa conscientização seja conduzida com responsabilidade, ética e respeito. A comunicação deve ser orientada pelo objetivo de apoiar, educar e proteger. Quando tratamos do tema com empatia e cuidado, podemos transformar as redes sociais em ferramentas positivas para conscientização e suporte.

No entanto, a busca por likes e engajamento com temas tão delicados pode ser perigosa e antiética. Utilizar o suicídio de modo sensacionalista para atrair atenção viola diretrizes de ética e responsabilidade, que visam proteger as pessoas e apoiar as famílias. Para que as redes sociais sejam um ambiente de conscientização e apoio, é essencial evitar conteúdos sensacionalistas e fake news, priorizando a empatia sobre qualquer engajamento superficial.

Se você se deparar com postagens inadequadas, denuncie. No Instagram, por exemplo, é possível fazer isso de forma simples:
Clique nos três pontinhos no canto superior direito da postagem.
Selecione "Denunciar".
Escolha "Suicídio, automutilação ou distúrbios alimentares".
Em seguida, selecione a categoria "Suicídio ou automutilação".
Clique em "Denunciar" para concluir.
Denunciar esse tipo de conteúdo é um passo importante para combater a irresponsabilidade online e proteger aqueles em situação de vulnerabilidade.

A responsabilidade sobre o tema não se limita aos profissionais da mídia; todos que publicam ou compartilham conteúdo online têm um papel a cumprir. Informações inadequadas ou sensacionalistas podem reforçar estigmas e afastar aqueles que sofrem da ajuda necessária. Oferecer informações seguras, promover o acolhimento e indicar formas de suporte, como linhas de apoio e serviços de saúde mental, são ações essenciais para uma comunicação ética. Sobre como falar de forma segura sobre o suicídio, você obtém gratuitamente informações seguras através da cartilha do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio.

P.s.: É sempre necessário lembrar que se você ou alguém que conhece estiver precisando de ajuda, é importante saber onde encontrar apoio. O CVV  – Centro de Valorização da Vida, fundado em São Paulo em 1962, oferece apoio emocional gratuito com sigilo e anonimato, disponível 24 horas pelo telefone 188, além de suporte por chat, e-mail.

Outra importante iniciativa de apoio à saúde mental é o Mapa de Saúde Mental, desenvolvido pelo Vita Alere. Esta plataforma oferece uma lista de serviços de saúde mental gratuitos em todo o Brasil, incluindo ONGs, clínicas-escola e outras instituições de acolhimento.

Tratar o suicídio com responsabilidade nas redes sociais promove um ambiente virtual mais acolhedor e consciente. Para além de curtidas e engajamento, o respeito e a empatia devem ser os valores fundamentais em cada compartilhamento, promovendo um espaço de apoio e proteção a todos.

Daniela Coelho Andrade-psicóloga. Esp. Logoterapia e Análise Existencial

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