Espumante de umbu é desenvolvido por pesquisadores

O umbu, fruto nativo da Caatinga, agora integra uma bebida gaseificada inovadora que atraiu a aprovação dos consumidores brasileiros. O estudo, conduzido pela Embrapa Semiárido sediada na cidade de Petrolina (PE) em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explorou o potencial do umbu como matéria-prima para um fermentado gaseificado, semelhante ao vinho espumante. Essa iniciativa busca agregar valor ao fruto, que sofre com elevada perecibilidade, contribuindo para a redução de perdas na colheita e para a ampliação da economia circular no Semiárido nordestino.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Aline Biasoto, o teste de aceitação revelou que o fermentado de umbu obteve uma recepção positiva entre consumidores de espumantes. Além disso, o estudo destacou o potencial de mercado do produto, embora ajustes na quantidade de açúcar antes do fechamento da garrafa com rolha de cortiça possam acentuar o aroma frutado característico e aumentar o apelo ao público.

A bebida foi desenvolvida por meio do método tradicional de fermentação dupla, semelhante ao processo de produção do champanhe. Na primeira fermentação, a polpa de umbu diluída é submetida à adição de levedura e açúcar, resultando em um fermentado base. Na segunda fase, uma mistura de açúcar e leveduras, conhecida como licor de tiragem, é adicionada para criar a gaseificação característica, que fica retida na bebida após o fechamento da garrafa com uma tampa metálica.

Para a economia do Semiárido, o cultivo do umbu representa uma fonte de renda significativa para famílias agricultoras e extrativistas. Saulo de Tarso Aidar, da Embrapa Semiárido, destacou que o lançamento de cultivares específicas do umbuzeiro incentiva o plantio e a comercialização, com foco tanto no consumo in natura quanto na produção de derivados.

Por ser uma espécie nativa extremamente resistente às condições naturais do clima da região, predominantemente quente e seco, o umbuzeiro é capaz de produzir quantidades substanciais de frutos anualmente, porém de forma concentrada nos primeiros três meses do ano. Assim, alternativas de processamento são vantajosas para estender a vida de prateleira de produtos à base de seus frutos.

A resistência do umbuzeiro às condições áridas da Caatinga faz do seu cultivo uma prática sustentável e promissora para o desenvolvimento regional. O período concentrado de produção anual justifica o investimento em produtos de maior valor agregado, como o fermentado de umbu, que pode atender à crescente demanda por bebidas inovadoras no mercado global. Essa diversidade de produtos também fortalece a economia circular e contribui para a conservação da biodiversidade local.

Canal Rural/Foto embrapa