Em um esforço para destacar a caatinga e o semiárido brasileiro no cenário internacional, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) promoveu o seminário "Contribuições da comunidade científica brasileira para a temática de combate à desertificação", realizado em sua sede.
O evento é parte dos preparativos para a participação do Brasil na COP 16, que ocorrerá em Riad, na Arábia Saudita, de 2 a 13 de dezembro.*
O seminário reuniu especialistas, centros de pesquisa, universidades, representantes do governo e instituições financeiras, com foco no desenvolvimento de soluções científicas e tecnológicas para mitigar os efeitos da desertificação no semiárido. Os debates foram fundamentais para subsidiar a delegação brasileira na COP 16, que celebra o 30º aniversário da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).
José Farias, coordenador de estudos e pesquisas da Sudene, enfatizou a necessidade de parcerias entre governo, academia e sociedade civil.
"Buscamos criar parcerias com os atores deste cenário, reunindo instituições em prol da redução dos impactos das mudanças climáticas. Além disso, a Sudene tem atuado para dar apoio aos estados e municípios para efetivar as políticas públicas de combate à desertificação. Mobilizar conhecimento e tecnologia para promover o desenvolvimento sustentável na região é um dos nossos principais compromissos", afirmou.
Os participantes do seminário abordaram temas como articulação científica, tecnologias sociais e a importância de integrar o conhecimento das comunidades tradicionais na formulação de soluções. Também foram discutidos mecanismos de financiamento que incentivem cadeias produtivas voltadas à recuperação das terras degradadas.
Ao final do evento, ficou decidido que uma nota técnica será elaborada e encaminhada aos Ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores, destacando a necessidade de diálogo entre setores da sociedade e a comunidade internacional. Essa nota incluirá propostas específicas para o semiárido, que abrange 12% do território nacional e é habitado por quase 26 milhões de pessoas.
Aldrin Perez, correspondente científico do Brasil na UNCCD, ressaltou a urgência dessa articulação.
“Sinto que o nosso chamado foi acolhido internacionalmente. Os cientistas brasileiros precisam de um papel protagonista neste cenário, agindo de forma organizada para estimular o diálogo com as comunidades que vivem nestes territórios”, comentou o pesquisador, que integra a equipe do Instituto Nacional do Semiárido.
O seminário também abordou os compromissos do Brasil com a convenção da ONU, que envolve 196 países e a União Europeia. Segundo dados de 2022, até 40% dos territórios globais enfrentam ameaças de desertificação, o que afeta não apenas a biodiversidade, mas também o PIB mundial. Para o semiárido brasileiro, enfrentar esses desafios é crucial para garantir a sustentabilidade da região e melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes.
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