"Navegar na internet é como andar em um bairro perigoso. Você deve desconfiar de tudo e de todos", diz advogado especialista em crimes cibernéticos

Uma pesquisa Datafolha revelou que, a cada hora, mais de quatro mil brasileiros são alvos de alguma tentativa de golpe financeiro por meio de aplicativo de mensagem ou de ligações telefônicas.

A abordagem é feita em uma ligação ou por mensagem.

"Mensagem do tipo: 'Sua compra foi aprovada no valor de R$ 4.999' ou 'Foi rejeitada, entre em contato através desse telefone para desbloquear' ou algo do tipo”, conta o administrador Valnir Antonio Carlos Júnior.

Tentam fazer a vítima acreditar que se trata de um contato da central de segurança do banco, da administradora do cartão de crédito ou de uma loja.

“Olha, nós vimos que uma conta sua foi negada e nós queremos saber... R$ 3 mil...’. Gente, eu não tenho esse valor nessa conta. Aí, automaticamente, eu desliguei, porque tudo indicava que seria um golpe”, conta a governanta, Ana Cláudia Almeida.

Esses golpes são cada vez mais frequentes. Uma em cada quatro pessoas sofreu tentativas de golpes virtuais desse tipo no último ano no Brasil. São mais de 4,6 mil casos por hora. Foi o que mostrou uma pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela “Folha de S.Paulo”, que ouviu 2.508 pessoas a partir de 16 anos em todas as regiões do país, em junho.

Mais de 10% dos entrevistados também afirmaram ter sido vítimas de golpes envolvendo PIX ou boletos falsos.

"Eu estava devendo. Esse era o último, mais ou menos, R$ 200 e pouco. Um dinheiro seu que nunca vai ter volta”, diz Eduardo Santos de Pontes, autônomo.

E 13% compraram um produto que não foi entregue. Foi o caso da estudante Bruna Manga.

"Comprei uma máquina de lavar e ela nunca foi entregue. Depois, descobri que o site, na verdade, era fake”, conta.

"Navegar na internet é como andar em um bairro perigoso de madrugada. Você deve desconfiar de tudo e de todos. A grande orientação é nunca passar nenhum tipo de informação bancária por esses canais, sempre desligar a ligação e retornar nos canais oficiais ou na agência bancária para diminuir a chance desse crime relacionado ao indivíduo se passar por um canal oficial do banco”, afirma Luiz Augusto D`Urso, advogado especialista em crimes cibernéticos.
Outro alvo dos criminosos são os celulares. Cerca de 9% dos entrevistados tiveram o aparelho furtado ou roubado nos últimos 12 meses.

O governo federal tornou mais simples o acesso ao aplicativo criado para ajudar as vítimas de roubo de celular, o "Celular Seguro". Agora, basta informar o nome da operadora, o número do telefone e a marca.

Mais de 2 milhões de pessoas já se cadastraram. No aplicativo, o usuário tem uma espécie de botão de emergência para bloquear o aparelho. O bloqueio pode também ser feito por uma outra pessoa de confiança cadastrada. O sistema envia uma mensagem para a Anatel, que bloqueia a linha e os aplicativos de bancos.

O prejuízo total provocado pelos crimes virtuais e contra o patrimônio é estimado em R$ 186 bilhões em um ano.

"Há uma necessidade de integrar e repensar completamente a investigação criminal, fortalecendo tanto as polícias civis, que são as responsáveis diretas por essa atividade, que têm núcleos de excelência, mas que são insuficientes para lidar com a atual configuração do crime patrimonial”, diz Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Jornal Nacional/TV Globo Foto Reprodução