"A perspectiva de alcançar 1,5ºC de temperatura que estava planejada para 2043 chegou no ano passado. Agora é não deixar subir mais, não tem mais janela, não pode ultrapassar 1,5ºC e estamos trabalhando cada vez mais para cumprir as metas até 2050", afirma a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Ela planeja, traça estratégias e trabalha em múltiplas frentes animada por esse sentimento de urgência.
No primeiro ano do governo Lula, o desmatamento caiu 20% na Amazônia, e, no segundo, em 47%. Segundo Marina, esses índices comprovam a eficiência de um plano de preservação. E é essa a estratégia para reduzir o desmatamento em outros biomas: no Cerrado, no Pantanal e no Pampa. "Essa perspectiva é uma demonstração de que os planos testados historicamente na Amazônia funcionam, levando a uma queda de desmatamento durante 10 anos em 83%, e, nesse primeiro ano e meio do governo do presidente Lula, de 47%".
Mas ela reconhece que tem de enfrentar muitos desafios. Enquanto a legislação estabelece, no caso da Amazônia, que 80% precisam ser preservados e só 20% usados; no Cerrado é o contrário: "Eu costumo dizer que os homens legislam, mas a natureza não assimila." Marina cita como exemplo desastroso a legislação aprovada pelo Congresso Nacional em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro, que estabeleceu que os municípios podem fazer mudanças nas áreas de preservação permanente. Ou seja, permitir edificações mais próximas à margem dos rios, dos córregos e das encostas: "E isso é um grande retrocesso que agora se refletiu de uma forma avassaladora no Rio Grande do Sul", ressalta a ministra.
Aos 66 anos, a integrante do governo Lula de maior visibilidade internacional sabe que, na luta pela causa ambiental, há momentos para avançar e para recuar. Mesmo ao sair do governo petista em 2008, em razão de fortes pressões políticas, acredita que contribuiu para tornar o Brasil um país sustentável. E agradece o apoio da opinião pública na defesa de suas convicções. "No tema ambiental, é muito importante a mobilização da sociedade", diz.
Correio Braziliense Foto Agencia Brasil
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