No dia 26 de julho de 2024, o CIEVS NORTE recebeu informações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVEP) reportando rumor de mortalidade em aves (epizootia) no município de Casa Nova, pertencente ao Núcleo Regional de Saúde Norte, Região de Saúde de Juazeiro. Moradores relataram presença de aves (avoantes) mortas no entorno de açudes e barragens nas localidades de Poço da Pedra, Tiririca, Torre e Ouricuri.
Na oportunidade destacamos que Epizootia por definição diz respeito à ocorrência de adoecimento ou morte em um indivíduo ou mais em uma população animal, servindo como alerta de circulação de agente(s) etiológico(s) potencial causador de impacto nas populações humanas e/ou animais, assim como no ambiente. São exemplos de epizootias: morte e/ou adoecimento de primatas não humanos (PNH), de cães e gatos com sintomatologia neurológica, aves silvestres e/ou domésticas, morte ou adoecimento de equídeos com sintomatologia neurológica, entre outros.
As epizootias de aves silvestres e de equídeos, com sintomatologias neurológica, são eventos considerados de relevância epidemiológica. Algumas espécies de aves silvestres são hospedeiras naturais do vírus da Febre do Nilo Ocidental dentre outros flavivírus e atuam como fonte de infecção para os mosquitos transmissores, principalmente do gênero Culex (pernilongo).
No âmbito da abordagem da área de Agricultura e Pecuária, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) colheu material biológico de algumas aves e encaminhou para o laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA)-Campinas/SP para pesquisa de Influenza Aviária tipo A H5N1 (potencial zoonose) e Doença de Newcastle. Além disso, técnicos do GT epizootias, representando a Diretoria de Vigilância Epidemiológica – DIVEP/SUVISA, e do CIEVS NORTE/NRS NORTE se deslocaram para campo, com intuito de integrar a equipe local e realizar investigação epidemiológica mais ampliada, em conjunto com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), com objetivo não só de dimensionar a epizootia em aves silvestres, mas caracterizá-la, assim como observar a participação de outras espécies animais e o impacto na biodiversidade, além da possível exposição de seres humanos, e, na oportunidade pesquisar a possibilidade da circulação de outros agentes passíveis de impacto na saúde humana com destaque para Febre do Nilo Ocidental, Encefalite Saint Louis e Oropouche, através da colheita de novas amostras aliada à capacitação em serviço de servidores da Secretarias Municipais de Saúde e Meio Ambiente.
O resultado parcial do exame laboratorial realizado pela ADAB foi positivo para Doença de Newcastle (provavelmente PPMV-1) e negativo para Influenza A H5N1. No momento aguardando o isolamento e sequenciamento genético.
Considerando o resultado negativo para a Influenza A nas amostras colhidas, até o momento não foi identificado risco de agravos respiratórios para a população local.
A reavaliação do cenário de risco será realizada após resultados das investigações em andamento.
Recomendações
À população:
• Evitar a manipulação das aves com sintomatologias neurológicas ou qualquer comportamento alterado e/ou mortas;
• Não utilizar aves silvestres para consumo humano;
Aos Serviços de Saúde:
• Notificar a Vigilância Epidemiológica Municipal quanto a ocorrência de pessoas que apresentaram sintomas respiratórios após contato com as aves;
À Vigilância em Saúde do Município:
• Notificar as epizootias para o CIEVS Norte e Vigilância Epidemiológica através dos e-mails: [email protected]/ [email protected];
• Identificar os animais e as áreas de ocorrência, para mitigação dos efeitos da transmissão nas populações humana e animal;
• Realizar coleta de amostras de água para consumo para análise pela Vigilância Sanitária do município.
Dr Pedro Alcântara - Coordenador do Núcleo Regional Norte
Helder Coutinho - Responsável Técnico do Cievs Norte
Jecica Xavier - Apoiadora Opas
Luciana Bahiense - Médica Veterinária da Divep/Suvisa/Sesab
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