Abaixo-assinado contra PL 'antiaborto' supera 100 mil assinaturas em dois dias

Deputada Sâmia Bomfim disse que o PL 1904 é uma "aberração, que retrocede em direitos garantidos desde a década de 40" - (crédito: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

O abaixo-assinado que pede o arquivamento do Projeto de Lei 1904/2024, que equipara o aborto ao homicídio, já conta com mais de 130 mil assinaturas em menos de dois dias — a meta é chegar a 200 mil.

A proposta, intitulada "Arquiva, Lira", foi lançada pela deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) no sábado (15/6).

"Na prática, o PL do Estuprador quer equiparar o aborto após 22 semanas ao crime de homicídio, o que renderia às vítimas uma pena de até 20 anos – superior à punição de abusadores, que podem pegar até 12 anos de prisão. São muitos os fatores que levam a pelo menos 1/3 das interrupções legais de gravidez ocorrerem após a 22 semana: menores de idade demoram mais a compreender e conseguir denunciar a violência sofrida, bem como reconhecer os sintomas de gravidez; por fundamentalismo ou receio de retaliação, profissionais de saúde impedem ou mesmo retardam o acesso a um direito garantido por lei; são pouquíssimos hospitais com serviço de aborto legal, num país de dimensões continentais", afirma a justificativa do abaixo-assinado.

O projeto de lei, que está sendo chamado de "PL antiaborto", "PL do estuprador" ou "PL da gravidez infantil" é alvo de críticas por parlamentares da esquerda, entidades e integrantes do governo federal. Autora do abaixo-assinado, a deputada Sâmia Bomfim cita que cerca de 20 mil partos de meninas com menos de 14 anos ocorrem ao ano no Brasil.

De autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o texto que equipara o aborto após 22 semanas ao homicídio teve o requerimento de urgência aprovado na última quarta-feira (12/6), o que significa que o PL vai direto ao Plenário da Câmara, sem passar pelas comissões temáticas.

Após as críticas e manifestações contrárias ao projeto de lei, O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) disse que vai propor o aumento da pena do estupro para 30 anos. Atualmente, a legislação prevê pena de 6 a 10 anos de prisão, ampliada para 12 anos caso o crime envolva violência grave.