Petrolina, no Sertão do São Francisco tem no saneamento básico uma das suas principais questões a serem resolvidas, já que é preciso ampliar estrutura diante do crescimento e desenvolvimento da cidade.
O maior município dessa macrorregião pernambucana tem uma população de 386.791 mil habitantes e uma densidade demográfica de 84,79 habitantes por quilômetro quadrado, segundo os últimos dados (2022) do Censo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O seu Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do IBGE de 2021, ficou em quase R$ 8 bilhões. Com tudo isso, além de estar na bacia hidrográfica do Rio São Francisco, mostra que a falta de estrutura nesse segmento é uma adversidade significativa.
A edição de 2024 do Ranking do Saneamento com o foco nos 100 municípios mais populosos do Brasil, pesquisa realizada pelo Instituto Trata Brasil (ITB), em parceria com GO Associados, coloca Petrolina na 56º posição. No ano anterior, o município ocupava a 39ª. A colocação de 2024 significa uma queda de 17 posições. A cidade, no entanto, continua ocupando o primeiro lugar na lista das melhores em saneamento básico de Pernambuco. Já a performance dela em relação ao restante do Brasil deve-se, entre outras questões, ao aumento acelerado da população, principalmente nas áreas periféricas, de acordo com especialistas.
Encontrar soluções urgentes para o saneamento básico, então, passa a ser um dos principais desafios dos candidatos que vão disputar a prefeitura da cidade. De acordo com a Agência Reguladora de Serviços Públicos de Petrolina (Armup), mais empreendimentos estão chegando ao município, e os problemas de água e esgoto não têm seguido a mesma velocidade. Alguns deles, inclusive, nem podem ser construídos ainda, segundo a Armup, por falta de água ou uma rede coletora de esgoto em algumas áreas de interesse das construtoras.
“Isso é muito preocupante com relação ao desenvolvimento da nossa cidade. Todo verão falta água. A gente tem realmente uma rede de abastecimento que abrange praticamente toda a sede municipal, mas muitos investimentos precisam ser feitos”, lembra o diretor-presidente da Agência, Rubem Franca.
De toda a sede urbana, que compreende 48 bairros, 85% tem rede e tratamento de esgoto, ainda segundo Franca. No entanto, desse percentual, 70% tiveram obras de saneamento executadas pelo próprio município; 20%, pela iniciativa privada (novos loteamentos, empreendimentos e condomínios) e 10% pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). No percentual de 15% (bairros sem saneamento básico completo) estão o Henrique Leite e Vila Vitória, na Zona Leste; Jardim Petrópolis, na Zona Oeste; Dom Avelar, na Zona Norte; e uma parte do centro.
“Se fizer (os serviços que são necessários) o Henrique Leite, a complementação da bacia do Dom Avelar, o Antônio Cassemiro e o Jardim Petrópolis, a gente fecha os 100%. Mesmo com todos esses problemas, Petrolina é uma cidade diferenciada em relação a todas as outras de Pernambuco. É diferenciada, mas a gente está acostumado a coisa boa, está acostumado a saneamento, a água na porta. A gente não quer 15% da cidade jogando esgoto no Rio São Francisco”, diz Franca.
O gerente administrativo José Dailson Clementino, 47 anos, que mora no bairro João de Deus desde 1987, acredita que o crescimento acelerado do local fez com que as tubulações dos esgotos ficassem obsoletas, não comportando mais a demanda que é jogada nelas. “São tantos estouros que acontecem, e não é de agora, já vêm se perpetuando por muitos anos. E são em pontos de prioridade para nossa comunidade: o acesso de entrada e saída ao bairro, causando transtornos, inclusive para os estabelecimentos próximos, como as três escolas que tem lá. As manutenções são feitas, mas não resolvem”, analisa.
O João de Deus, na Zona Oeste, é um bairro grande com uma população de mais de 50 mil habitantes, de acordo com Clementino. “É um pequeno município dentro de Petrolina, sem contar os bairros que se aglomeraram ao seu redor. Temos hoje Bela Vista do Lago, Residencial Jardim São Paulo, todos grudados. Temos, também, o Nova Vida I, bairro Cacheado. Somando-se, dá uma população enorme”, contabiliza.
O bairro, lembra ele, é formado por muita gente que vem de outras localidades, do interior procurar casa para alugar ou comprar porque é uma área próxima aos locais de trabalho que essas pessoas querem em Petrolina. “Muitas dessas pessoas iniciaram a jornada nas roças. Hoje, devido ao crescimento da cidade, tem-se gente atuando em outras áreas, como a construção civil e o comércio”, diz Clementino.
A concessão parcial dos serviços da Compesa, modelo que está sendo estudado pelo Governo do Estado, no qual a concessionária continuaria 100% estatal, responsabilizando-se pela produção e tratamento da água, e a iniciativa privada assumiria a parte de distribuição, coleta e tratamento de esgoto, é vista com bons olhos pela Armup.
“Acho que tudo que vier é bom e interessante. Essa coisa da relação com a iniciativa privada é muito importante, porque o Estado mostrou nesses últimos 50 anos, pelo menos aqui em Petrolina, que sozinho não consegue fazer nada. Eu não desaprovo qualquer tipo de medida que possa beneficiar o Estado de Pernambuco e Petrolina, também. A gente precisa avançar em termos de parcerias ou de concessões”, avalia o presidente da Armup.
A reportagem da Folha de Pernambuco entrou em contato com as assessorias da Compesa em Petrolina e no Recife para obter uma análise da situação, mas não conseguiu encontrar alguém para responder por conta do recesso de Páscoa.
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