Dois por cento da energia elétrica brasileira é gerada por usinas nucleares. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, dados divulgados em agosto de 2023 mostram que 410 usinas de energia nuclear estavam ativas enquanto outras 57 estavam em construção. Esse tipo de energia, por mais que não seja renovável, é uma opção limpa.
O Brasil é o único presente no montante, com duas usinas em funcionamento — Angra 1 e Angra 2 — e uma terceira em construção — Angra 3. No País, a energia nuclear tem uma participação em 2% da geração de energia, conforme informações da Eletronuclear.
Porém, nem tudo é 100% seguro. “Devido ao risco de acidente nuclear, gerar energia termelétrica por meio de elementos nucleares envolve polêmicas e debates sobre os problemas do modelo”, diz o professor Fernando de Lima Caneppele da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP.
O Brasil é dono da sétima maior reserva de urânio do mundo e, como acrescenta Caneppele, “também faz parte de um seleto grupo de 13 países que possuem instalações de enriquecimento desse metal”. O professor ainda relembra que uma das características do material é sua alta densidade energética, que, com uma pastilha de um centímetro de comprimento e diâmetro gera, aproximadamente, o equivalente a 22 caminhões de tanques de óleo diesel.
O futuro do Brasil no âmbito da geração de energia, a partir de reatores nucleares, tem duas principais vertentes: uma é a possibilidade de explorar suas reservas de urânio e a outra é, justamente, a possibilidade de explorar outras fontes renováveis e com menos riscos.
As obras para a construção de Angra III foram retomadas e, segundo o Ministério de Minas e Energia, novos projetos devem ser lançados para elevar a produção de energia nuclear e de urânio no Brasil. “A grande polêmica por trás da postura são os riscos de um acidente nuclear em um país com abundância de recursos renováveis, como energia eólica, solar e hídrica, por exemplo”, comenta Caneppele.
O professor comenta que o Brasil é um dos poucos países com capacidade de enriquecer o urânio e utilizá-lo para gerar energia, além de possuir uma das maiores reservas mundiais do recurso nuclear. “Em contrapartida, possui uma vasta extensão territorial, que favorece o uso de fontes renováveis e menos perigosas. Surge, então, o debate sobre a necessidade de usinas nucleares em solo brasileiro”, acrescenta.
Jornal da USP Foto Agencia Brasil
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