Paraíba vai protagonizar um precioso momento na astronomia no dia 14 de outubro: um eclipse anular (ou anelar) do Sol, e o estado será um dos melhores lugares do planeta para observá-lo. Este é um fenômeno raro em que a Lua fica entre o Sol e a Terra, mas sem encobri-lo totalmente. O resultado é que a silhueta da Lua fica circulada pela extremidade do Sol, criando a imagem de uma espécie de “anel de fogo”.
De forma parcial, o eclipse poderá ser visto em todo o nosso país. Mas a estreita faixa de visibilidade total do fenômeno vai passar pelo noroeste dos Estados Unidos, seguindo pela América Central, Amazônia e finalmente cruzando o Nordeste até o litoral, exatamente nas áreas de Natal e João Pessoa. Araruna, onde fica o Parque Estadual da Pedra da Boca, é apontada como um dos melhores lugares para observar esse fenômeno. Além da área aberta do parque, a cidade tem estrutura para receber os astrônomos que virão.
O evento anterior desse tipo, mais raro que o eclipse total do Sol, só pôde ser visto em áreas desabitadas do Ártico, isoladas e em boa parte com o céu encoberto, em junho de 2021. Já o deste ano poderá ser visto em áreas com boa estrutura, cidades próximas e, além de tudo, vai cair em um feriadão: o dia 12 de outubro será numa quinta-feira e o eclipse acontecerá no sábado, dia 14. Assim, quem quiser viajar para acompanhar o fenômeno de um lugar ideal terá essa oportunidade e os astrônomos estão com muita expectativa.
“Principalmente aqui no Brasil porque esse é o principal e mais importante eclipse que vamos ter até 2045, quando haverá um eclipse total do Sol”, conta Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia. “E o deste ano vai ter uma área de visibilidade boa. Aqui na Paraíba não tem nada semelhante desde 1940, quando houve um eclipse total do Sol. Veio até uma equipe da National Geographic Society para fazer o registro em Patos”. E, ainda assim, a observação do fenômeno em Patos foi prejudicada: o céu ficou nublado justamente no dia do eclipse.
“O eclipse solar é visto de uma região muito pequena do globo”, explica Zurita. “No dia 14 de outubro, essa faixa vai ser mais generosa. Só quem está mais próximo ao centro da faixa consegue ver a Lua exatamente no centro do círculo solar. E a linha central passa pela cidade de Araruna”.
Zurita explica que Araruna é uma cidade estruturada e fica próxima da capital. Por isso, é para lá que foi marcado o Encontro Nacional de Astronomia, de 12 a 14 de outubro. O evento vai reunir grandes nomes da astronomia nacional. “São aguardados uns 500 participantes”, afirma ele.
A Paraíba poderá observar o eclipse anular no final da tarde e o fenômeno deve durar 4 minutos e 19 segundos. Estar próximo do pôr do sol é mais uma vantagem, explica Zurita: “É uma maravilha, já que a melhor coisa a fazer em um eclipse é fotografar, registrar o momento. Como ele já vai acontecer com o Sol mais baixo, serão imagens incríveis”.
CUIDADOS VISÃO-Embora esta seja uma oportunidade única para a observação de um eclipse, esta atividade não é simples e exige cuidados. “Muita gente, numa situação assim, olha diretamente pro Sol ou – pior – usa binóculos”, alerta Zurita. “Num eclipse solar não há nenhum momento em que é seguro olhar para o Sol. Podem haver danos permanentes para a visão de qualquer pessoa”.
Também não é recomendável improvisar um filtro com uma chapa de raio x, como muitas pessoas acreditam. “O único improviso aceitável é usar filtro de soldador. E, mesmo assim, não por muito tempo”, informa. “Para observar um eclipse, a gente usa filtros especiais”.
Ele conta que filtros ideais para observação solar podem ser encontrados à venda pela internet. “Existem óculos especiais para isso e filtros que podem ser acoplados a uma câmera fotográfica ou outro instrumento. Sem isso e sem acompanhamento de pessoas especializadas, é melhor não arriscar”, avisa.
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