Morto a tiros em um ataque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (5), o médico baiano Perseu Ribeiro Almeida estava na cidade para participar de um congresso internacional de ortopedia. Vestido com uma camisa do Esporte Clube Bahia, time do coração, fontes da polícia acreditam que Perseu tenha sido confundido com outro homem, que se parecia com ele e morava na região.
Naquela madrugada, Perseu reencontrava, em um quiosque na Barra da Tijuca, os colegas que conheceu na Universidade de São Paulo (USP), onde fez um curso de especialização anos antes. Todos eles foram baleados e, além do baiano, outros dois ortopedistas morreram.
O corpo de Perdeu foi liberado do Instituto Médico Legal (IML) na tarde desta quinta-feira. A previsão é que o corpo seja trazido para a Bahia na madrugada de sexta-feira (6), em um voo que sairá da cidade do Rio de Janeiro em direção a Salvador. Depois segue para Ilhéus, município no sul da Bahia, e de lá, o corpo será levado de carro para Ipiaú, onde o médico será enterrado.
Morador de Jequié, a cidade no sudoeste da Bahia que é considerada a mais perigosa do Brasil, o dia a dia do médico envolvia atendimentos ortopédicos na região. Ele costumava viajar 54 km para trabalhar em Ipiaú, no sul do estado, onde atendia na clínica que herdou do pai, que também era médico ortopedista.
O baiano era formado em medicina pelo Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia (UniFTC), na Bahia, e fez residência em Ortopedia e Traumatologia pelo COT/Martagão, em Salvador.
Segundo um amigo da família, Ednaldo Santos, Perseu estava no processo de assumir a clínica. Quando o pai, um médico conhecido na região, morreu em um acidente de carro entre Gandu e Ipiaú, no Dia das Mães de 2013, ele ainda não havia terminado os estudos.
Após a residência e especialização, ele decidiu seguir os passos do pai e assumir o negócio. Além da clínica da família, Perseu se dividia entre Ipiaú e Jequié para trabalhar em outras duas clínicas particulares e no Hospital Geral Prado Valadares, em Jequié.
A família de Perseu soube da morte dele e dos outros três médicos pela televisão, na manhã desta quinta-feira. Quem conhecia o médico logo entrou em contato com familiares e amigos próximos, que não acreditavam que a informação era verdadeira.
Após a confirmação das autoridades, a família ficou desolada. Perseu deixou uma esposa e dois filhos, um menino de 11 e uma menina de 3 anos.
Segundo o amigo da família, Ednaldo Santos, o médico gostava muito de estudar e costumava viajar para congressos com frequência. Meses antes, ele havia participado de encontros de ortopedistas em São Paulo.
No dia a dia, o baiano era conhecido por ser uma médico atencioso e solidário. Para Ednaldo, o amigo era apaixonado pela medicina e fazia atendimentos sem se importar com o valor das consultas.
O crime foi no Quiosque do Naná, na Avenida Lúcio Costa, na Praia da Barra da Tijuca, entre os postos 3 e 4. Perseu estava com outros três médicos no local:
Diego Ralf Bomfim, 35 anos
Marcos de Andrade Corsato, 62 anos
Daniel Sonnewend Proença, 32 anos
O grupo estava no Rio de Janeiro para participar de um congresso internacional de ortopedia. O congresso aconteceria no mesmo hotel que eles estavam hospedados, o Windsor, que fica na frente do Quiosque do Naná.
De acordo com a câmera de segurança do estabelecimento, por volta de 0h59 um carro branco parou sobre a faixa de pedestres em frente ao quiosque e três homens desceram do veículo. Eles foram em direção ao grupo de médicos e começaram os disparos.
Perseu, Diego e Marcos morreram no local. Daniel foi socorrido com vida para o hospital, com pelo menos três tiros.
Outros clientes que estavam no estabelecimento relataram que os suspeitos não falaram com as vítimas e que foram mais de 20 disparos. Nenhum item das vítimas foi levado.
A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal acompanhe as investigações.
g1 Ba Foto reprodução
0 comentários