A deputada federal Duda Salabert (PDT) disse na segunda-feira (26) que o homem que a ameaçava de morte desde 2020 foi preso por envolvimento em crimes de violência contra adolescentes na plataforma Discord.
"Esse caso não é pontual, é estrutural. Pode ser que essa estrutura tenha, inclusive, o envolvimento de parlamentares e agentes políticos. Digo isso porque essa estrutura só me ataca em contextos de campanha eleitoral", disse a deputada, que é uma mulher trans.
William Maza dos Santos, de 20 anos, foi um dos denunciados na reportagem do Fantástico, que mostrava como agia o grupo que utilizava a plataforma Discord para atrair meninas menores de idades. As vítimas eram agredidas, estupradas e expostas em lives na rede.
Outra reportagem, de abril deste ano, mostrou como o Discord, um aplicativo popular entre adolescentes, havia virado uma ferramenta para envolver jovens em um submundo de violência extrema. Até agora, cinco pessoas foram presas acusadas de envolvimento nos crimes.
"Desde 2020 recebo ameaças de morte assinadas por símbolos nazistas de uma célula da qual William Maza possivelmente participava. Por causa dessas ameaças, perdi meu emprego de professora, pois eles encaminharam essas ameaças aos donos e à direção da escola que eu trabalhava", relembrou Duda Salabert.
'Ponta do iceberg'
A deputada defende que haja uma investigação aprofundada que mostre quem financia e fortalece essas estruturas de ódio.
Segundo Duda, um dos pontos preocupantes é que essa escalada de comportamentos violentos tem como efeito colateral os ataques recentes às escolas.
"O que se sabe é que essas novas tecnologias tem uma relação com pessoas mais jovens. Não pode ser um episódio isolado. São grupos neonazistas que infelizmente têm influenciado parte da juventude brasileira. Há uma relação muito maior, os jovens são só a ponta do iceberg", disse ela.
Ameaças antigas
As ameaças foram divulgadas por Duda em agosto do ano passado. Na época, a então vereadora mostrou que as mensagens enviadas por William tinha conteúdo racista, homofóbico e com referências ao nazismo.
Na época, a vereadora concorria a uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2022, e precisou de escolta desde que recebeu as primeiras ameaças.
A deputada relatou que durante o período de campanha chegou a receber um e-mail anônimo com o telefone de William. Ela ligou para o suspeito e disse que levaria o caso à polícia, dias depois, um homem que se apresentou como tio de William foi até o gabinete da então vereadora.
"Ficamos com medo quando o tio do William Maza chegou, sem avisar, no meu gabinete em 2022. Disse que era advogado e que seu sobrinho era inocente. Entregou-nos papéis, entre eles um boletim de ocorrência que revelava que na casa de William foram apreendidos coturno militar, balaclava e canivete", disse a deputada.
A defesa de William Maza dos Santos ainda não se posicionou sobre o ocorrido.
g1 | Foto: Pablo Valadres/Câmara dos Deputados
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