Vivemos em uma sociedade extremamente injusta com seu povo – especialmente com os mais humildes. E isso tem de ser visto como resultado de uma sequência de práticas deliberadamente projetadas.
Os múltiplos e perversos silenciamentos perpetrados ao longo da história do Brasil contra as populações negras e indígenas (e, por extensão, contra os pobres em geral), nada mais são do que uma construção de natureza política e cultural, cujas consequências e desdobramentos se fazem sentir de maneiras as mais diferentes e desastrosas possíveis.
E é como construção de natureza política e cultural que tais silenciamentos têm de ser efetivamente enfrentados e superados, buscando-se para tanto ações igualmente políticas e culturais, desta feita afirmativas e de acordo com cada demanda específica.
Mas qualquer ação que se proponha a dar ouvido às vozes historicamente silenciadas da nossa sociedade – que não são poucas e que estão por toda parte, desde as periferias das grandes metrópoles até os grotões interioranos –, terá por tarefa não apenas atentar para as exigências legais pertinentes, mas também, e sobretudo, cultivar o respeito para com o outro, respeito este que é acima de tudo um apelo do espírito civilizatório.
O respeito incondicional ao outro torna-se imperativo quando pensamos numa sociedade justa e livre de todo preconceito.
José Gonçalves do Nascimento, Escritor
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