Verificando o moving map, detecto o óbvio, estamos sobrevoando algum lugar do oceano atlântico rumo a Amsterdã.
Mas a questão é… acabei de assistir Mulher Rei e sei que não conseguirei dormir tão cedo.
Nunca um filme me impactou tanto!
Sei que ultimamente ando inexplicavelmente a flor da pele…
Mas como pude adiar tanto assisti-lo!!!
Essa obra não é simplesmente sobre a opressão de uma raça, ou batalhas entre tribos rivais ou apenas sobre o inimaginável empoderamento feminino nos idos de 1800 num certo reino da África!
Fala sobre nós como civilização, das nossas dores mais profundas, dessa força estranha e inexplicável chamada ancestralidade
Fala sobre um senso de clã e pertencimento, e tudo que somos capazes de cometer pelos nossos, sem remorso ou arrependimento, como uma punção que vai além de nossos conceitos judaico-cristãos implantados no nosso DNA geração a geração…
Faz-se presente ali um Brasil, (inclusive mencionado), com todo o carma coletivo de sofrimento e desigualdade que precisamos expurgar e curar.
Mas também vê-se a uma Bahia, com toda sua espiritualidade mais primitiva e tão mal compreendida, suas cores, musicalidade, dança, lutas acrobáticas, impossível não remetermos à capoeira, até o dendê!
Corpos guerreiros brilhantes, de mulheres e homens com igual valor.
Valor de guerreiros em África, valor de carga em América e Europa!
Faz-nos pensar sobre os dilemas femininos: Ser esposa/coadjuvante, guerreira solitária ou ousar e permitir-se guerreira grande e aberta para o amor…
Chorei do começo ao fim, como se fizesse parte daquela história numa vida passada, ou quem sabe seja apenas a compreensão dolorosa para além de todas essas questões…
Esse filme deveria ser matéria obrigatória nas escolas do Brasil!
Melissa Lopes
Mulher, Juazeirense, Arquiteta
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