A Organização Mundial de Saúde anunciou recentemente o fim da pandemia da covid-19, mas os impactos trazidos pela doença, principalmente, no mercado de trabalho continuam.
Com o modelo de digitalização das atividades em alta nos últimos dois anos, agora as empresas entram numa segunda fase que é de ajustar esses processos para evitar o que chamam de burnout digital, ou seja, esgotamento físico e mental extremo do funcionário, decorrente da rotina de exposição excessiva a computadores, celulares e tablets.
Segundo o CEO da Trilha Carreira, Bruno Martins, as organizações agora estão incentivando o movimento de desconexão de tela que eles chamam de segunda onda dos programas de saúde mental.
"O uso de equipamentos digitais é um hábito que se consolidou com o home office e que vem ainda sendo mantido no trabalho, onde dedicamos a maior parte do tempo. Em função da exaustão pelo excesso dessas ferramentas dentro e fora do horário do ambiente corporativo que vem sendo relatada pelos profissionais, muitas empresas estão incentivando a redução da utilização excessiva desses recursos", explica
O burnout passou a ser reconhecido pela OMS como uma síndrome relacionada, exclusivamente, ao trabalho que é "resultante de um estresse crônico associado ao local de trabalho que não foi adequadamente administrado" que pode levar a problemas de concentração, irritabilidade, insônia.
Para Martins, trata-se de um desafio corporativo tentar frear esse avanço e ajustar processos já que, no pós-pandemia, as atividades do trabalho híbrido estão sendo feitas de duas formas - online e presencial.
"São atividades como uma mensagem de trabalho que chega depois do expediente ou o e-mail no final de semana. Fomos incentivados a nos mantermos conectados com a pandemia e a responder rápido às mensagens, o que levou à ansiedade pelas respostas e urgência nos retornos. Isso faz com que o funcionário tenha a sensação de morar no trabalho e pode também impactar a produtividade dele", alerta.
Segundo ele, a desconexão está passando a ser um valor para as empresas e a tarefa de estabelecer as boas práticas é do departamento de recursos humanos.
"Há um grande movimento que começou com as grandes empresas mundiais de estimular as pessoas a ter uma vida fora do ambiente de trabalho e que está ganhando força aqui no Brasil", finaliza.
Dez recomendações para o uso saudável da conexão digital no trabalho:
1. Estipular um dia para não realizar reuniões;
2. Fazer pausas entre os compromissos;
3. Bloquear horários de almoço na agenda;
4. Levantar-se da cadeira a cada hora;
5. Concentrar a troca de mensagens de trabalho em um único aplicativo;
6. Fazer reuniões mais curtas e objetivas;
7. Realizar encontros presenciais com a equipe para manter uma comunicação alinhada;
8. Checar como está o estado emocional dos funcionários;
9. Criar políticas de horários e de acesso às comunicações da empresa;
10. Ter dois celulares, um pessoal e um corporativo que possa ser desligado ao fim do expediente.
Foto: Freepik
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