Artigo A vivência da educação escolar em diferentes gerações: uma comparação entre a educação antiga e atual

É notório que a educação é um dos pilares da sociedade e está em constante evolução, sendo uma das bases mais importantes na formação de um indivíduo. Cada geração vivencia uma educação escolar diferente, com suas próprias experiências e particularidades.

Num breve histórico da educação brasileira, é perceptível que não havia um plano ou projeto bem definido acerca de como ensinar. No início da história do Brasil, a educação religiosa dos padres jesuítas seguia o Ratio Studiorum.

Após serem expulsos do país, a reforma pombalista e as aulas régias foram implementadas por professores, ou aqueles que detinham algum conhecimento, em suas próprias casas.

Posteriormente, a educação obteve investimentos no ensino superior com a chegada da família real ao Brasil. Entretanto, só formalizou-se lei no período imperial, permitindo que pelo menos teoricamente, meninas frequentassem as escolas.

No Período Regencial, com o Ato Adicional, o ensino elementar, o secundário e a formação de professores foram definidos. Mais tarde, com a Proclamação da República, não houve grandes avanços na educação, que permaneceu extremamente elitizada e para poucos.

Na minha perspectiva, um dos trechos mais importantes da história da educação brasileira é a publicação em jornais de circulação nacional da "A Reconstrução Educacional no Brasil: Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – Ao Povo e ao Governo". Este é o momento em que os educadores intelectuais se reuniram para escrever a respeito da educação brasileira, afim de criticar e questionar o governo quanto a sua má conduta, e propor uma educação de qualidade para todo(a)s assim como meios para garanti-la.

Diante desse manifesto, a nova  Constituição de 1934 declarou, pela primeira vez, a educação como direito de todos. Anos depois, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), estabelecendo disciplinas comuns a todos. Desde então, muitos avanços foram realizados, década após década, até chegarmos à educação contemporânea, onde encontro a minha realidade atual como estudante.

Nesse sentido, pretendo exprimir o que entendo da minha experiência escolar individual e familiar. Apriori, devo confessar que eu não imaginava que a educação no Brasil tinha passado por tantas etapas distintas. A verdade é que a educação escolar que vivo, onde comecei a estudar aos 3 anos e não parei até hoje (e não pretendo parar), não é algo trivial para todos.

No meu núcleo familiar, poucos tiveram a vivência escolar que eu tive. Meus avós, que são da zona rural, estudaram na adolescência na casa de um professor (semelhante às aulas régias), com o objetivo principal de escrever o próprio nome, conseguir ler o básico e fazer as quatro operações da matemática. Meu pai, da mesma forma, estudou até a quarta série, mas não pôde concluir seus estudos devido às necessidades financeiras da família. Tudo isso me faz refletir sobre o significado da educação e o privilégio que é ter a oportunidade de vivenciá-la.

Meus avós e meu pai são pessoas extremamente inteligentes e sábias, com um pensamento rápido e ágil, muito além de mim. No entanto, penso em como o estudo poderia ter mudado a perspectiva de vida deles e como eles poderiam ter estudado mais e alcançado coisas que sempre quiseram. Por essa razão, percebo a intenção deles de me incentivarem tanto a estudar, a ir além e a me esforçar em prol de algo que eles acreditam, e que eu acredito também: a educação.

Meu pai é o maior incentivador da minha vida acadêmica e dos meus objetivos futuros na minha área, ele acredita que a educação pode mudar o curso da minha vida e acredita em mim, e isso tem valor inigualável.

Por fim, o que permanece é o significado da educação na vida de todo(a)s e a importância que ela tem no passado, presente e futuro. Sem a educação, não há desenvolvimento tampouco crescimento. Portanto, é necessário olhar para trás e relembrar os percursos que a educação passou para chegar onde está, enxergar nossa vivência da educação no presente e almejar sempre uma educação melhor para todo(a)s no presente e futuro!

Ana Clara Santos de Carvalho, Discente do Curso de Licenciatura em Física, disciplina Estrutura e Funcionamento da Educação Básica - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Docente: prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva – DFCH.