Certa feita, há muitos anos, uma amiga belga de muita vivência pelo mundo me comentou que, pelos meus relatos sobre Juazeiro e Petrolina, parecia que eu vivia no Iraque...
Todos nós sabemos o que esta terra tem de bom, e são muitas coisas. Mas não se trata disto. A analogia ao Iraque não era nem pela violência, outro flagelo que a nós nos consta, mas pela eletricidade que caía sempre que chovia, a internet que ia embora sempre que ventava, e a água que faltava sempre que alguém piscava o olho.
Hoje, depois de um dia inteiro sem abastecimento de água pelos feitos da COMPESA, me lembrei da analogia entre Petrolina e Bagdá.
É inexplicável. Não há como justificar uma cidade deste porte, com essa população, ao lado de um dos maiores rios do planeta, faltar água com essa frequência, com tanta duração e com tanta indiferença de um órgão, no mínimo, incompetente.
Em qualquer país sério, interrupções programadas de abastecimento são avisadas com antecedência, via e-mail, SMS, whatsapp. As empresas se preocupam em prestar um serviço de qualidade pelo preço alto que é cobrado dos seus usuários. Mas não aqui. Aqui a COMPESA reina soberana sobre o direito a água e dita com soberania quando e o quanto cada um vai poder beber.
Não entram nos cálculos dessa empresa as famílias que não podem comprar água, os lares com crianças, idosos e gestantes, as necessidades de grandes famílias e de lares complicados, o planejamento de quem trabalha e só quer ter o mínimo para o qual paga: água saindo da torneira.
Nunca vi tamanho absurdo. Para completar, o atendimento 0800 da famigerada desliga a ligação na cara de quem tentar contato para saber por qua razão o seu dinheiro está indo pelo ralo, já que a água por aí não desce.
Enquanto isso, de onde escrevi, na Cohab Massangano, os esgotos estão estourados, as torneiras secas tal qual as gargantas dos moradores, e a COMPESA ri da nossa cara com a indiferença da incompetência e da crueldade.
É isto.
OBSERVAÇÃO: Leitor pediu para não ser identificado.
NOTA COMPESA: Esclarecimentos da Compesa sobre falta de água no Centro de Petrolina
Três eventos sucessivos provocaram falta de água na área central de Petrolina. Na madrugada da última sexta-feira (31), houve um estouramento na Avenida Souza Filho, cujos reparos foram finalizados no mesmo dia. O abastecimento foi retomado. No domingo (2), uma construtora atingiu uma tubulação da rede de abastecimento de água na Avenida Tancredo Neves, quando executava uma obra para efetuar uma ligação de esgoto para um prédio próximo ao River Shopping. O conserto da tubulação foi finalizado na segunda-feira (3), quando o abastecimento foi retomado. Entretanto, a partir da persistência de queixas de uma pequena área da cidade, no trecho que vai da Avenida Guararapes até a Orla (na altura do Posto Altine até o edifício Romanée), os técnicos da Compesa iniciaram as inspeções na rede de abastecimento e identificaram um registro com defeito na Avenida Guararapes. O equipamento foi substituído hoje (5) e foi retomada a distribuição para o trecho citado, que estava ainda sem receber água.
A regularização da distribuição de água após a paralisação de um sistema ocorre de forma gradual. É necessário um período para que a rede de abastecimento alcance as pressões satisfatórias. A expectativa é que até esta sexta (6), o trecho desabastecido esteja completamente normalizado. Os técnicos da Compesa estão monitorando o processo de distribuição.
Espaço Leitor Foto Ilustrativa
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