Neste final de semana, o Bispo da Diocese de Juazeiro, Dom Beto Breis, visitou moradores das Comunidades de Pascoal/Limoeiro, no interior de Sento Sé, que vêm sofrendo diversos incômodos e violações de direitos após a instalação de uma empresa mineradora na região.
No último dia 10 deste mês, os moradores, que chegaram a ocupar por 12 dias um trecho da BA-210, foram obrigados a encerrar a manifestação após uma decisão judicial e interferência da Polícia Militar.
Na visita, Dom Beto foi acompanhado pelo Pe. Claudimiro Alves, vigário da Paróquia São José de Sento Sé, por animadores das comunidades e membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que já vinham atuando em apoio à população. A principal reivindicação dos ribeirinhos é o asfaltamento da pista, com cerca de 100 quilômetros e que atravessa 11 comunidades, para diminuir os impactos sofridos após a instalação da empresa e a passagem de carretas levando minério.
“Depois que essa mineradora chegou, sem ninguém nunca ter chamado a comunidade para um diálogo, só o que levamos é poeira em nossas casas, a estrada cada vez mais esburacada e com poeira e pedras, prejudicando os carros das famílias da comunidade, chegando a quebrar os para-brisas”, disse o jovem Ytalo Marques, coordenador do grupo de jovens da comunidade.
“A promessa de trazer desenvolvimento e empregos também é uma mentira. Pouquíssimas pessoas da comunidade foram convidadas a trabalhar, e muitas vezes com contratos de terceirização. Eles nunca fizeram curso de capacitação aqui. A maioria dos trabalhadores eles trazem de fora”, completou.
Segundo a CPT, os/as manifestantes chegaram a enviar um ofício à Prefeitura solicitando uma audiência para tratar sobre o assunto. No entanto, diferente do que foi anunciado na imprensa, a Prefeitura não deu retorno sobre o pedido.
“Não apareceu ninguém, nem prefeita, nem vereadores, nem do Governo do Estado. O sentimento é de muita indignação, para os nossos governantes nós somos invisíveis, ninguém liga se a gente sofrer um acidente. Os impactos causados por essa mineradora são horríveis e essa questão da estrada é urgente”, desabafou a professora Sônia Maria de Oliveira da comunidade Pascoal.
O encontro de Dom Beto Breis com os moradores aconteceu na igreja da comunidade. Na reunião, Dom Beto ouviu as queixas dos moradores e manifestou a solidariedade da Diocese de Juazeiro, afirmando o apoio no que for possível e necessário à luta da população ribeirinha.
Ainda segundo agentes da CPT, a mobilização das comunidades contra os impactos causados pela empresa Tombador Iron Mineração da já dura mais de três anos. Durante todo esse tempo, a população tem denunciado, de diversas formas, os prejuízos socioambientais causados pela empresa e a piora na qualidade de vida das pessoas.
Pascom diocesana e CPT
1 comentário
21 de Mar / 2023 às 12h52
Se uma empesa vem explorar uma atividade mineral sem uma ótima contrapartida, sem trazer nenhum benefício em termos de infraestrutura, sem gerar muitos empregos, sem investir em qualificação da população local, sem trazer um bom impacto para economia local não adianta a vinda.