Em meio à emergência humanitária na terra indígena Yanomami, os poucos profissionais de saúde que atuam no local estão sobrecarregados e precisam lidar com uma estrutura precarizada para atender a população indígena. Enquanto médicos se revezam a cada 15 dias, os enfermeiros chegavam a permanecer até um mês no território.
As informações são do relatório Missão Yanomami, divulgado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde. Entre as dificuldades enfrentadas pelos profissionais, estão a falta de insumos, medicamentos e capacitação, além da insegurança gerada pela presença de garimpeiros ilegais na região.
“Existem na região de Surucucu 4 polos fechados, e outros 3 em outras regiões, todos devido à insegurança causada pelos invasores. Um polo foi reformado para reabertura, mas não se consegue abrir pela insegurança. Foi aberto o polo Xitei que conta com o apoio da presença da Força Nacional de Segurança”, descreve o relatório.
“Os trabalhadores se encontram também evidentemente em adoecimento de saúde mental, pela sobrecarga e precariedade que se encontram, além da falta de supervisão ou apoio para desenvolvimento das atividades. Relatam muitas escalas que ‘furam’. Observamos um descompasso entre como a gestão central apresenta o DSEI e o que é o cotidiano das equipes. Em geral, existem fluxos e protocolos frágeis e nenhuma supervisão em campo”, destaca.
De acordo com o documento, os dados sobre medicamentos e insumos são contraditórios. Enquanto as equipes da Sesai e do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami afirmam que há estoque e envio, “as Unidades Básicas de Saúde Indígena e os Polos Bases apresentam faltas”. “Observa-se ainda um precário controle dos medicamentos a partir da entrega para a empresa de transporte logístico e nenhum controle e rastreamento nos Polos Base. São muitos os relatos de extravios de medicamentos, principalmente de medicamentos antimaláricos”, continua o relato.
Outra fragilidade identificada é o formado da coleta de informações feita pelos profissionais de saúde. Após registro em papel, o material é revisado e alguns são registrados, uma vez que não é possível registrar todos os formulários. “Isso significa que nem todos dados são registrados (por exemplo, não registram casos negativos de teste de malária) e há um atraso de meses (óbitos com cerca de 4 meses de atraso, malária com cerca de 3 meses de atraso)”, explica o documento.
Metrópoles | Foto: Condisi
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