Governo Federal pretende decretar calamidade pública para tratar da crise humanitária nas terras Ianomami, em Roraima

O Governo Federal pretende decretar calamidade pública pela situação que a Terra Indígena (TI) Ianomami, em Roraima, tem passado em relação a mortes por desnutrição, sobretudo de crianças, e a falta de acesso a medicamentos. Acompanhando a decisão, o Ministério da Saúde deve declarar crise sanitária e humanitária na região. Os anúncios deverão ser feitos hoje, com a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à capital do estado, em visita coordenada pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

A intenção é verificar com lideranças a situação de 30,4 mil indígenas que vivem na TI e das pessoas internadas na Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista.

"Recebemos informações sobre a absurda situação de desnutrição de crianças ianomamis em Roraima. Amanhã (hoje) viajarei ao estado para oferecer o suporte do governo federal", declarou Lula nas redes sociais.

Reportagem do Correio Braziliense (Tainá Andrade) afirma que a decisão dos decretos foi tomada no fim da tarde de ontem (20), em uma segunda reunião com os ministros dos Povos Indígenas, da Saúde, da Defesa, da Gestão, e do Desenvolvimento Social, além dos comandantes das Forças Armadas. Coordenada pela secretária executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, a decisão é tornar o "Estado presente" no local, além de agilizar o envio de ajuda humanitária, segundo informações obtidas pelo Correio.

CAUSAS: O Ministério dos Povos Indígenas divulgou na sexta-feira (20) que 99 crianças do povo Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. Os dados são referentes a 2022, e as vítimas foram crianças entre um a 4 anos. As causas da morte são, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia.

A pasta estima que ao menos 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome. O g1 solicitou o período em que as mortes ocorreram, no entanto, apenas as mortes registradas em 2022 foram divulgados até a última atualização desta reportagem.

Com o caos sanitário, o governo Federal deve decretar estado de calamidade pública – o Ministério da Saúde já decretou emergência de saúde pública.

Crise na Saúde Yanomami-Com mais de 370 aldeias e quase 10 milhões de hectares que se estendem por Roraima, pela fronteira com a Venezuela e pelo o Amazonas, a reserva Yanomami enfrenta problemas tão grandes quanto a sua extensão territorial.

Ao todo, são 28 mil indígenas que vivem isolados geograficamente em comunidades de difícil acesso, mas que, em grande parte, já sofreram alguma intervenção de fora, com a ocupação de não indígenas, como é o caso dos garimpeiros – estimados em 20 mil.

Em 2021, o g1 e o Fantástico registraram cenas inéditas e exclusivas de crianças extremamente magras, com quadros aparentes de desnutrição e de verminose, além de dezenas de indígenas doentes com sintomas de malária nas três comunidades visitadas: Xaruna, Heweteu I e II.

 

Correio Braziliense Foto reproduçao redes sociais