Presidente eleito deve priorizar crescimento econômico e transição para economia de baixo carbono, aponta CNI

Acelerar o crescimento do país, promover a transição para uma economia de baixo carbono e melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), esses são os desafios do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao assumir o governo em janeiro de 2023. 

Em posicionamento divulgado nesta segunda-feira (31), o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, disse que os próximos quatro anos vão exigir união e diálogo entre os setores público e privado e a sociedade para a construção de uma política industrial moderna, pautada nos investimentos em inovação e tecnologia e na agenda do clima. 

Muitos dos problemas econômicos e sociais são antigos. Seus diagnósticos e soluções já foram exaustivamente discutidos. Precisamos, agora, concentrar esforços no enfrentamento dessas questões. Por isso, seguindo o exemplo dos países mais desenvolvidos, defendemos a adoção de uma visão de país de longo prazo, que tenha como objetivos centrais a inovação, os ganhos de produtividade e a maior inserção da economia brasileira no concorrido mercado internacional”, afirma. 

Na última década, entre 2011 e 2020, a economia brasileira cresceu, em média, 0,3% ao ano. Desempenho inferior à chamada “década perdida”, nos anos 80, quando o PIB cresceu 1,6% a.a. 

O grande desafio do próximo governo é acelerar o ritmo de crescimento da economia brasileira, que não vem crescendo rapidamente há mais de uma década”, ressalta Mário Sérgio Telles, gerente-executivo de Economia da CNI. 

Agenda
Com base em sugestões de empresários e de representantes das federações estaduais e das associações nacionais setoriais da indústria, a CNI entregou 21 documentos à campanha do presidente eleito com sugestões para um país forte, dinâmico e inovador. 

A indústria preparou 21 documentos dos mais diversos temas e apresentou ainda em junho a todos os candidatos à Presidência da República. Além disso, agora mais recentemente a CNI preparou um plano de retomada da indústria que também foi apresentado aos dois candidatos que estavam disputando o segundo turno, de modo que deixamos claro para todos os candidatos qual a nossa visão e as nossas prioridades para o próximo governo”, lembra Telles. 

A agenda de reformas, principalmente a reforma tributária sobre o consumo, visando a criação de um sistema tributário eficiente e que estimule os investimentos produtivos e a criação de empregos, deve ser uma das prioridades do próximo presidente, explica. 

Além disso, o novo governo precisa de uma relação harmônica com o Congresso, porque ainda existem diversas reformas a serem feitas. A principal reforma, do ponto de vista da indústria, é a da tributação do consumo, que está no Congresso na forma da PEC 110”. 

A doutora em economia Margarida Gutierrez afirma que o sistema tributário é oneroso e complexo, o que atrapalha o desenvolvimento da indústria e, por consequência, do país. “Tem que tornar o sistema mais simples, mais progressivo, mais transparente, dar um fôlego para a indústria. A indústria no Brasil é muito tributada. Isso tira a competitividade do setor industrial brasileiro. Por quê? Porque ele exporta. Então, ele se depara com um nível de competitividade já por aí mais baixo”, avalia.  

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil