A aviação comercial brasileira deverá ter um verão de boa recuperação, com a criação de novas rotas e alta no número de viajantes. No entanto, o preço das passagens não tem previsão de queda, segundo representantes do setor ouvidos pela Folha.
Nos últimos 12 meses, os bilhetes aéreos no Brasil acumulam alta de 47,35%, segundo dados do IPCA-15 de setembro. Em junho deste ano, a subida em 12 meses atingiu 123%.
A principal razão apontada para a alta é o encarecimento do querosene de aviação, que responde por mais de um terço do custo de voar. O preço do combustível teve alta de 64,3% entre janeiro e agosto deste ano no Brasil. segundo estimativa da Abear, entidade que reúne as companhias.
"O preço das passagens tem uma equação muito grande de demandas e custos. A gente está tendo uma demanda sólida. Mas ao olhar para os custos, é um milagre que as empresas aéreas ainda estejam operando. Temos um cenário de desafio de custos muito grande, principalmente em relação ao petróleo e a taxa cambial", diz Campos, da Azul. "Não é uma questão de vai cair ou não [a tarifa]. Tudo vai depender do que vai acontecer no cenário de custos", diz Fábio Campos, diretor de relações institucionais da Azul.
Além da alta do querosene, as empresas ainda estão lidando com passivos da pandemia. "Muitos passageiros que ficaram com passagens retidas durante a pandemia e não optaram pelo reembolso estão remarcando os bilhetes para agora e as empresas precisam acomodá-los", pondera Ricardo Catanant, diretor da Anac.
"A procura por passagens aéreas vem antes de alguns sinais de retomada da economia. E essa demanda tem vindo com força. Por vezes, as empresas não têm condições de retomar rapidamente a oferta de serviços. Isso implica em uma série de desafios, como trazer de volta aviões que haviam sido devolvidos ou estavam em estado de preservação, e recontratar profissionais, que precisarão passar por treinamentos", explica Catanant.
Jornal Estado de Minas e Folha S.Paulo Foto Infraero
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