Você já ouviu falar em cirurgia ortognática e quando ela é necessária? É um procedimento utilizado para correção de alterações de crescimento dos maxilares, conhecidas como deformidades dentofaciais, as quais podem prejudicar algumas funcionalidades bucais do paciente, como a mastigação, respiração e a fala, repercutindo também na estética facial.
Essa alteração dentoesquelética ocorre quando o osso maxilar e o osso mandibular não estão relacionados de forma adequada entre si e nem bem posicionados com relação aos ossos da base do crânio, informa Samara Queiroz, especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.
“No entanto, por diversas causas, principalmente genéticas, algumas pessoas têm o desenvolvimento anormal dessas estruturas, precisando da intervenção realizada em ambiente hospitalar, sob anestesia geral”, explica.
O procedimento pode ser realizado por alguns hospitais escolas do Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e através dos planos de saúde, pois faz parte do rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS. A cirurgia ortognática ocorre totalmente por dentro da boca, não deixando cicatriz na face.
É realizada normalmente em adultos ou em quem já tem o crescimento ósseo finalizado. “Mesmo quando criança ou adolescente, caso a deformidade seja muito severa e cause alterações que dificultam o convívio social e promovam consequências psicológicas importantes, um primeiro procedimento cirúrgico pode ser realizado”, completa a especialista.
Samara Queiroz, que também é docente do curso de Odontologia do Centro Universitário UniFTC Vitória da Conquista, adverte que é imprescindível um bom planejamento e uma abordagem multidisciplinar para conquistar bons resultados. “Normalmente envolve além do cirurgião bucomaxilofacial, um ortodontista, fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, entre outros”.
O dentista clínico geral pode fazer o diagnóstico, encaminhar ao ortodontista, que questiona as queixas e insatisfações do paciente e analisa se apenas com o uso do aparelho dentário o problema é sanado ou se para solucionar o caso, será necessária a cirurgia ortognática.
Sinais e sintomas
O problema do paciente que não procura tratamento pode afetar a qualidade de vida, pois o portador de anomalias dentofaciais têm alterações estéticas, funcionais e respiratórias, que podem refletir na autoestima e modificar os padrões de comportamento e as relações interpessoais.
A apnéia obstrutiva do sono, ronco, dormir de boca aberta, dores nas articulações da face e dores de cabeça, dificuldade de fechar a boca (selar os lábios de forma passiva), distúrbios da mordida (deficiência ou excesso de maxila, deficiência ou excesso de mandíbula, mordida aberta anterior), alterações estéticas, são alguns dos sinais e sintomas.
Foi o caso do advogado Ihury Dias Novais, 27 anos, que reside em Brumado, na Bahia. Ele sentia dores constantes e se queixou também de ter apresentado apneia do sono. Percebeu o problema quando tinha 15 anos.
“Meu rosto começou a ficar desproporcional, um lado maior que o outro. Criei mil teorias, mas deixei de lado pensando que o aparelho ortodôntico que usava na época fosse corrigir. Alguns problemas internos começaram a aparecer, como dor constante na maxila e mandíbula, travamento da mandíbula, torcicolo, estalos, apneias e outros sintomas. Procurei o ortodontista e fui informado que só resolveria com a cirurgia ortognática”, destacou.
Segundo o advogado, a situação dificultou o convívio social e trouxe consequências psicológicas. “Sofri muito, até tratamento com psicólogo tive que fazer. Não tirava fotos, andava com a cabeça baixa, evitava sorrir em público, período que minha autoestima baixou bastante. Fiz a cirurgia pelo plano de saúde e estou com quase 2 meses de recuperação. Os resultados já são visíveis. Estou muito feliz. Definitivamente realizado”, comentou Ihury Dias Novais, que ainda faz acompanhamento com o fisioterapeuta e nutricionista.
Cirurgia oferece mais qualidade de vida
A nutricionista Roberta Magalhães mora em Salvador e conta que também precisou fazer o procedimento, pois seus lábios não fechavam, ela roncava bastante, apresentou DTM- Disfunção da Articulação Temporomandibular, tinha dificuldade de respirar pelo nariz e dormia com a boca aberta, além de resistência em conviver com as pessoas.
“Tinha muita vergonha do meu sorriso, pois possuía o “céu da boca” estreito. Quando eu tinha 13 anos utilizei o aparelho de expansão, porém não aguentei a dor e tirei. Odiava tirar fotos, dar risada próxima as pessoas porque aparecia toda a minha gengiva. Sempre me senti feia. Meu dentista informou que a correção só seria possível com a cirurgia ortognática”, desabafou.
A nutricionista fez a cirurgia pelo plano de saúde. "Segui todas as recomendações do médico. Drenagem no rosto, fisioterapia facial e me recuperei dentro do prazo estimado. O resultado foi positivo. Melhorou todas as minhas queixas antigas, o sorriso ficou totalmente gratificante e me deu mais qualidade de vida”, externou.
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