O policial militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, de 30 anos, foi preso ontem (7), acusado do crime de atirar e matar o lutador de jiu-jitsu Leandro Lo, em uma casa de shows na zona sul de São Paulo. O tenente já tinha duas condenações, do ano passado, por crimes de desacato e agressão de colegas de farda, cometidos em 2017.
As informações, publicadas primeiro pelo UOL, foram confirmadas por 'O Globo'. O Tribunal de Justiça Militar condenou Velozo a nove meses de prisão em regime aberto após o tenente desferir socos e ofensas contra o soldado Flávio Alves Ferreira, na boate The Week, na Lapa, zona oeste de São Paulo, em outubro de 2017.
De folga e em trajes civis, Velozo comemorava a entrada do primo Iury Oliveira do Nascimento na corporação. O jovem acabou agredido por sete pessoas, e na confusão, Henrique o defendeu e sofreu lesões até a chegada da Polícia Militar, acionada pela casa.
De acordo com o depoimento de Flávio, Henrique Velozo estava alterado, com cheiro de álcool e agressivo. Na primeira abordagem, o soldado tomou um soco no maxilar. Outras viaturas foram chamadas e a situação piorou: o tenente desferiu pontapés nos colegas de farda, os desacatou e só depois, contido e desarmado, foi conduzido ao Hospital Central da Polícia Militar, no Tucuruvi, zona norte de São Paulo, para um exame de corpo de delito.
Em 2020, Velozo foi absolvido das acusações de agressão pelo Conselho Especial de Justiça, mas punido com seis meses de reclusão pelo crime de desacato. O Ministério Público, então, recorreu da decisão, e Henrique Otávio Oliveira Velozo foi, então, condenado em segunda instância por agressão à inferior (subordinado hierárquico) e desacato.
Na tarde deste domingo, a pedido da autoridade policial, a Justiça concedeu a prisão temporária de 30 dias do autor do homicídio.
Segundo o boletim de ocorrência, ao qual o GLOBO teve acesso, Leandro foi atingido por um tiro do lado esquerdo da cabeça após se envolver em uma briga com o PM de folga durante um show durante um show de pagode da banda Pixote, no Esporte Clube Sírio, em Indianópolis, região Sul de São Paulo.
Uma fonte ligada à família contou que o autor do disparo se aproximou do grupo de amigos de Leandro e, em tom de provocação, chacoalhou uma garrafa de whisky que estava sobre a mesa. Para se proteger, o lutador deu uma rasteira no rapaz e o imobilizou. Assim que liberado, o homem andou poucos passos, deu meia-volta e atirou. Uma das testemunhas relatou que ele deu ainda dois chutes em Leandro, mesmo já desacordado.
Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, testemunhas do homicídio reconheceram o autor do disparo por fotografia. O clube tem o controle da entrada dos frequentadores armados e apresentou as fotos às testemunhas.
De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, o campeão mundial de jiu-jitsu foi encaminhado com vida ao Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya, onde teve morte cerebral. No BO, consta que, às 11h53 deste domingo, a médica responsável pelo atendimento de Leandro documentou que o “paciente se encontra na sala vermelha em grave estado geral, acoplado à ventilação mecânica”.
O caso foi registrado como tentativa de homicídio pelo 16º DP (Vila Clementino), que apura os fatos por meio de inquérito policial. A Polícia Militar diz lamentar o ocorrido. A instituição instaurou uma apuração administrativa e colabora com as diligências.
O Globo
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