Produtores rurais da região de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, estão sofrendo com a queda na produção da acerola. O fruto, que é muito consumido na região, não suporta temperaturas mais frias e o resultado reflete na colheita dos agricultores.
Jorge Mariano é produtor rural e tem um hectare plantado de acerola no projeto irrigado N-4 em Petrolina. Ao todo, são 500 pés da variedade junco, em produção orgânica voltada para a exportação. De fevereiro a março deste ano, ele chegou a colher 2.900 quilos da fruta ainda verde e 300 quilos dela madura. Mas a queda na produção chegou em maio, quando o agricultor viu o clima da região esfriar.
"De manhã amanhece um gelo, que as folhas das plantas ficam escorrendo. Aí você vê um dia está florado e no outro dia você chega e não tem nada. Aí o sol esquenta e ela começa a queimar. Já na época normal não, ela amanhece o dia florada com três ou quatro dias você já vê a fruta vingada", explica Jorge, que durante os meses parados já acumulou um prejuízo de R$ 20 mil.
De acordo com o meteorologista da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Mário de Miranda, o frio deve continuar durante todo o mês de julho, com temperaturas que podem chegar até 15º durante a madrugada.
A agricultora Maria Eva também viu a produção de acerola cair drasticamente. Ela possui 510 pés da variedade junco, plantados no projeto N-4. Coma chegada do frio, a colheita caiu cerca de 90%.
"Quando o sol está quente e a produção dela vem normal, a gente chega a tirar quase uma caixa de 20 kg por planta. Mas como agora está frio, a gente tira em média só 10% do que ela produz.
Embora os produtores culpem as temperaturas mais frias do Sertão pela queda na produtividade das aceroleiras, o pesquisador da Embrapa Semiárido, Flávio França, explica que a solução é a diversificação de variedades.
"A princípio, há 10 anos atrás era possível encontrar sete a oito variedades de acerola sendo produzidas na região. Isso fazia com que houvesse uma estabilidade maior da produção, porque enquanto uma variedade estava no seu pico, a outra estava em repouso, depois a outra entrava no seu pico e assim elas se alternavam e os agricultores tinham uma produção mais estável ao longo do ano", explica.
Para superar essa barreira, a Embrapa tem investido em estudos que envolvem o cruzamento genético de espécies da acerola. A ideia é que no futuro, a temperatura não seja mais problema para a produção da região.
"O que a gente espera é ter uma situação parecida com o que a gente tinha no passado, de ter uma produção, uma safra de acerola mais estável ao longo de todo o ano, sem esse declínio tão acentuada no período de maio a setembro.
Atualmente, Flávio destaca que a Embrapa já possui algumas variedades que podem ser indicadas para amenizar a situação no cultivo, que é a variedade "Flor Branca", mais conhecida na região, e também a "BRS Apodi" que é caracterizada por ter uma produtividade mais estável ao longo do ano, inclusive nesse período mais frio.
G1 Petrolina Foto Arquivo
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