Estudantes da área cultural participam de Trilha da Convivência com o Semiárido

"Colher a água, reter a água, guardar a água, quando a chuva cai do céu. Guardar em casa, também no chão e ter a água se vier a precisão". Embaladas/os pela canção "Água de Chuva", que fala sobre a importância da água e como cuidar bem dela, foi realizada a Trilha da Convivência com o Semiárido, com a participação de estudantes do curso de Especialização em Gestão Cultural Contemporânea: da ampliação de repertórios poéticos a construção de equipes colaborativas, nesta quarta-feira (06), no Centro de Formação Dom José Rodrigues, espaço mantido pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa).

Mesclando temas como tecnologias sociais de Convivência com o Semiárido, Educação Contextualizada e Cultura, os participantes conheceram o sistema de reúso total de água - o Reator Uasb, o cultivo de gliricídia e palma, irrigadas com água do reuso, o medidor pluviométrico, a Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), a área de  Recaatingamento, o aprisco e tecnologias de captação e armazenamento de água da chuva.

A trilha provoca reflexões acerca do modo de vida no Semiárido, as diversas possibilidades e riquezas desta região, em contraposição ao controverso discurso que circula na maioria das mídias sobre o Semiárido.

O professor do curso, André Vitor Brandão, explica que a especialização, realizada em parceria entre o Itaú Cultural em São Paulo-SP e o Instituto Singularidades, visa a gestão cultural ligada ao território. Assim, a região foi escolhida, pois eles "perceberam que aqui na região, a gente vem produzindo conhecimento sobre gestão cultural, um lugar de diversidade cultural e que tem muitas iniciativas importantes que precisam ser conhecidas e replicadas no país. Então, a gente trouxe os alunos para cá, para conhecer alguns espaços que a gente considera importantes e peça chave para o que a gente está chamando de gestão cultural contemporânea", explica André.

André acrescenta ainda que os 22 estudantes das regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sudeste do país visitaram a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), o Irpaa e o Serviço Social do Comércio (Sesc) em Petrolina, criando um percurso narrativo para pensar a ideia da Convivência com o Semiárido, o respeito às diferenças, e a produção cultural dos diversos espaços.

A integrante do setor de literatura do Itaú Cultural em São Paulo, Roberta Roque, frisa a importância de ter participado da Trilha da Convivência com o Semiárido no Irpaa. "Eu achei muito importante, principalmente por eu ser paulistana e por eu vim de um bioma diferente. Eu acho que a gente fica com uma visão muito estigmatizada do que é o Semiárido, do que é o Sertão. Então, foi muito importante ver essas outras cores, tecnologias e ciências", aponta Roberta.

Nesse sentido, a jornalista do Rio de Janeiro, Maria Helena Barbosa, conta entusiasmada como foi experienciar a Trilha. "Eu já havia ouvido falar do Semiárido, a questão da Convivência com a região. Chegar aqui e conhecer presencialmente o local foi muito encantador para mim. E em relação a todas as possibilidades que a região oferece e a forma como se buscou para chegar nisso e conhecer, sentir essa região. As tecnologias que vocês estão usando são fantásticas, e esse envolvimento da comunidade, da participação, (...) esse pensamento comunitário, coletivo".

Através da Trilha é possível despertar novos olhares e percepções sobre a região Semiárida e como conviver com este clima, valorizando todas as potencialidades destes territórios, respeitando a natureza, as pessoas e seu modo de vida. Dessa forma, Roberta destaca que "Fazer essas redes, criar esses contatos (...) tentar manter esse contato do que está acontecendo aqui, pode me levar a outras pessoas, outros movimentos que podem circular mais", o que pode colaborar com a disseminação da verdadeira imagem do Semiárido e a propagação do Bem Viver.

O colaborador do Irpaa, Álvaro Luiz, que participou da trilha, destaca o quanto "é importante que os cursos tenham olhares mais amplos. Estudar o Semiárido é estudar suas várias facetas. Não é só a luta pela água, é também pela terra e tantos outros direitos. E cada elemento se relaciona e inspira a cultura do nosso povo, na música, na dança, na poesia, nas artes cênicas... Por isso é fundamental ter esse olhar mais amplo".

 

Texto e Fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa