Os últimos 5 anos estão entre os mais movimentados da história da inovação no Brasil. Em 2018, por exemplo, nasceram os primeiros unicórnios brasileiros e hoje o país é líder nas iniciativas bilionárias na América Latina.
Em 2019, outro avanço: o número de startups nacionais cresceu três vezes, comparado a 2015. Nos últimos 5 anos, as grandes organizações também se destacaram.
O volume de Venture Capital bateu recorde atrás de recorde, compromissos de sustentabilidade ganharam prioridade e cresceu na pauta o uso de termos como ESG, 5G, Open Finance, marketplace, transformação digital e metas de carbono.
Diante desse cenário, as organizações começaram a perceber que, embora inovar seja caro, o risco de perder o protagonismo, ou desaparecer do mapa, representaria um custo ainda mais alto. Nessa linha, um estudo realizado para o Anuário Valor Inovação Brasil de 2021 demonstrou o quanto a inovação vem recebendo espaço nas corporações. Metade dos executivos entrevistados afirma que inovar é a principal estratégia de sua empresa, um crescimento de 13 pontos percentuais em apenas um ano.
Indicadores como esse apontam que a inovação já se tornou um aspecto fundamental da vida de empresas que conseguiram conscientizar suas lideranças, perceber o desejo do consumidor e criar estratégias eficientes de transformação. Uma valiosa oportunidade em um país no qual as pessoas confiam duas vezes mais nas marcas para ter acesso a soluções do que no Governo.
No Brasil, a ampla extensão territorial e o tamanho da população permitem expandir negócios e ganhar escala. Se somarmos nosso mercado a toda a América Latina, temos um número de consumidores maior que o dos EUA. As ineficiências nas cadeias de produção locais, ou de infraestrutura, custos ainda extremamente altos de processos analógicos e manuais, um público diverso e com demandas variadas, aberto a novidades e tecnologias são convites ao investimento em inovação aqui. Dificuldade, sob a ótica da inovação, costuma ser oportunidade.
As empresas sentem a importância da inovação brasileira e querem colocar o pé no acelerador. Uma pesquisa da Deloitte envolvendo 500 organizações, com receitas que somam 35% do PIB nacional, publicada há poucos meses, mostra que 70% delas ampliarão ações em P&D e mais da metade vai intensificar parcerias com startups em 2022, sendo que 85% almejam lançar produtos novos ainda este ano.
O que às vezes parece faltar é um foco maior na estratégia de inovação e na importância dada ao que realmente a viabiliza. De acordo com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), cerca de 65% das empresas que inovaram durante a pandemia não têm sequer orçamento reservado para isso, tampouco times exclusivamente dedicados. E se não há um time empenhado 100% na inovação é grande a chance de uma empresa produzir iniciativas limitadas, ou hábeis em mirar apenas o curto prazo.
Para inovar e não fazer dessa ação fracasso e trauma, uma grande empresa precisa se preparar. Querer se aprofundar no negócio, rever processos internos, reconhecer entraves que inviabilizam o novo, entender a forma mais adequada de engajar as pessoas, as forças empreendedoras, escolher suas apostas e transformar sua cultura.
Na sequência desses “50 anos em 5” que vivemos, o momento para investir em inovação corporativa no Brasil é um dos mais propícios – e necessários. Está principalmente em nossas mãos (e planilhas) criar a melhor estratégia para que esse esforço se traduza em produtividade, performance e liderança.
Felipe Novaes é sócio e cofundador da The Bakery, empresa global de inovação corporativa com clientes em 21 países e foco na gestão, governança e execução de iniciativas de inovação, Corporate Venture Capital e Corporate Venture Building. No Brasil, atende grandes companhias, como iFood, Vale, Natura, Grupo Emtel, Johnson & Johnson, ArcelorMittal, Grupo Fleury, Santander, Neoenergia, Suzano, CCR, entre outras.
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