Tema “Felicidade e Mudanças Climáticas” é debatido no Irpaa

O que é ser? Quem sou eu? O que é ser feliz? O que é felicidade? É possível medir a felicidade? O planeta Terra está feliz? Como as mudanças climáticas podem impactar nesta felicidade? Como resgatar a felicidade da Terra para sermos também felizes?

Essas foram algumas das indagações que permearam a formação “Felicidade e Mudanças Climáticas”, realizada com colaboradores/as do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) e estudantes da República do Irpaa nesta quarta (17) e quinta-feira (18), à sombra do Juazeiro, embaladas/os por músicas, reflexões e ações de cuidado.

A ideia de relacionar felicidade e mudanças climáticas, surgiu a partir de discussões anteriores sobre como a ação dos grandes empreendimentos e do capitalismo vem acelerando as mudanças climáticas; e como a pandemia acentuou o aparecimento de diversos distúrbios psicológicos e doenças emocionais, impactando parte da população. A necessidade de discutir o tema veio da avaliação de um cenário de infelicidade constante na sociedade. “Tem a ver com o planeta que estamos vivendo, com esse modelo de sociedade, o capitalismo, o consumo, a forma de ver a natureza como um recurso, e não como um bem, e que fazemos parte dele”, explica a colaboradora do Irpaa e uma das organizadoras da formação, Aldenisse Souza.

O colaborador do Irpaa e também organizador da formação, André Rocha, fala sobre a concepção da felicidade e como ela interfere no bem-estar da nossa casa comum, a Terra. “A felicidade na sua essência difere de alegrias e prazeres que são momentâneos [...] a felicidade como sendo um status de médio a longo prazo, tem menor instabilidade e depende não apenas da pessoa, mas da relação com os outros e da sua relação com a natureza. Então, o status de felicidade plena requer essa contemplação e interação de convivência em harmonia com a natureza”, explica o colaborador do Irpaa.

André destaca também que é possível “contribuir evitando os excessos, refletindo sobre a promoção da igualdade de acesso aquilo que é básico: alimentação, saúde, educação, não apenas seu bem-estar, mas do planeta todo”. Nessa perspectiva, o colaborador do Irpaa, Bruno Gonçalves aponta que “a felicidade não está isolada como a gente pensa, é parte de um todo (…) a própria harmonia com o nosso ambiente nos contagia também (…) Não é possível ser feliz sozinho”, expressa.

O tema abordado na formação provocou e instigou os/as participantes, que na sua maioria, até o momento não haviam refletido sobre esta relação entre a felicidade e as mudanças climáticas. Nesse sentido, a colaboradora do Irpaa, Ana Paula Ribeiro, destaca como foi importante essa reflexão. “Eu não tinha feito essa análise nessa profundidade que a gente tem feito nesses dois dias e essa compreensão nos dá embasamento para que a gente compreenda a dimensão do que é felicidade e que está atrelada a nossa casa comum, ao cuidado das relações e que não existe felicidade se existe injustiça”.

A estudante da República do Irpaa, Lusan Silva Paiva, da comunidade tradicional de Fundo de Pasto Frade, em Curaçá, fala sobre a surpresa em relação ao tema escolhido. “Quando foi proposto para gente participar desse encontro sobre Felicidade e Mudanças Climáticas, primeiro fiquei me perguntando o que tinha a ver uma coisa com a outra. Agora, a gente percebe que tem tudo a ver”.

As reflexões provocadas mexeram com os/as participantes que passaram a compreender que a felicidade está atrelada a diversos fatores externos e internos. “Diante essa dinâmica de estudo, leitura e debate de alguns materiais você vê que está tudo interligado e precisa ser debatido em vários espaços, para perceber que a felicidade está ligada a vários fatores, não só a mudança climática, mas vários fatores que a gente promove no dia a dia”, frisa o estudante da República, Dione Tuxi, do povo originário Tuxi.

Discutir acerca da relação entre Felicidade e Mudanças Climáticas desperta muitas inquietações e a necessidade urgente de buscar caminhos para resgatar a felicidade da Terra, e consequentemente, a nossa felicidade.

O grupo presente no estudo chegou à conclusão que é preciso denunciar quem são os principais responsáveis pelas mudanças climáticas e seus impactos, como o capitalismo verde, que busca unir a produção e exploração da natureza, fortalecendo os ideais do capitalismo de forma camuflada. Outra percepção advinda do estudo é que a Convivência com o Semiárido é um dos caminhos para barrar as mudanças climáticas e mitigar seus efeitos.

 

Eixo Educação e Comunicação