A criação da Comissão de Inquérito para apurar o assassinato da menina Beatriz causou mais uma vez discussão na Assembleia Legislativa de Pernambuco.
“No último fim de semana, fui surpreendida por uma avalanche de distratos e desmoralização promovida por pessoas que não me conhecem.” A declaração foi feita pela deputada Dulci Amorim (PT), em discurso na Reunião Plenária da terça (8). Ela contou vem sendo injustamente acusada de impedir a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o assassinato da menina Beatriz Mota.
“Com a finalidade de tirar proveito político desse crime ocorrido em Petrolina (Sertão do São Francisco), em 2015, propaga-se que estou ‘desinteressada’ em elucidá-lo e que não endosso o pedido de CPI. Sempre estive ao lado da família da vítima, mas de forma isenta, sem esperar repercussões na minha vida pública”, assinalou a petista.
A parlamentar disse ter aprendido com o pai a ter princípios, ressaltando a postura de independência que adotou, inclusive, quando o marido, Odacy Amorim, assumiu mandatos legislativos e ocupou o cargo de prefeito de Petrolina. “Tenho minha profissão e nunca usei meu esposo para obter vantagens”, frisou. “Não admito ser acusada de coisas que não fiz. Estou vendo meu nome ser ‘achincalhado’ na mídia e exijo uma reparação da parte dos responsáveis.”
Dulci Amorim afirmou que vem sendo assediada pela imprensa, mas não quis dar entrevistas. “Preferi explicar minhas atitudes no Plenário, diante dos colegas, porque fui acusada de ser covarde. É mais uma mentira inventada e que não vai pegar, porque tenho responsabilidade. Peço respeito a minha história. Não vai ser qualquer um que vai manchar meu nome”, assegurou.
AUDIÊNCIA PÚBLICA: Antes de criar uma CPI, a deputada entende ser necessário debater o tema em audiência pública, para se construir um objeto de investigação. “A ideia da Comissão é um blefe, porque até hoje não foi apresentado nenhum requerimento com esse objetivo à Secretaria da Mesa Diretora da Assembleia”, disse.
“E ainda me acusam de ser a única parlamentar a não querer assinar a proposta, insinuando que estou sendo coagida pelo Governo do Estado”, prosseguiu a petista. “Foi por isso que eu solicitei uma audiência pública sobre o caso na Comissão de Cidadania”, justificou, informando, em seguida, que pediu o cancelamento do encontro, agendado para a próxima quinta (10).
Segundo a deputada, a proposta de discussão contava com o apoio dos pais da menina. “Desde que o crime ocorreu, procurei fazer o que estava ao meu alcance. Intermediei a demanda pela federalização do caso, acompanhei as caminhadas de Petrolina até o Recife, participei de reuniões com o governador e até recebi Lucinha Mota na minha casa, o que revela a confiança que a família deposita em mim”, destacou.
ASSINATURA: Dulci Amorim também criticou o deputado Romero Albuquerque (PP), o qual teria afirmado, em entrevistas, que a CPI não foi criada porque ela se recusou a assinar o requerimento. “Ele foi inconsequente em nome de interesses próprios, mas eu não trabalho com barganhas políticas”, pontuou a petista. “Onde ele estava quando a família queria pedir para federalizar o processo e, como aliado do Governo Federal, poderia intervir?”, questionou.
Uma vez colhidas as 16 assinaturas para o colegiado investigativo, a parlamentar comprometeu-se a dar suporte à proposta, que exige o apoio de 17 nomes. “Não costumo me utilizar de manobras políticas em benefício próprio, nem pretendo levar esta Casa à desmoralização. Política partidária acontece no período eleitoral, nos demais meses, é preciso trabalhar pelo povo”, enfatizou.
“Quero que a Comissão de Ética da Alepe investigue a conduta do colega. A população precisa saber quem está faltando com a verdade”, apelou.
NOTA: No tempo destinado à Comunicação de Lideranças, Romero Albuquerque afirmou que a deputada apenas “ensaiou” assinar o requerimento, mas não o fez. “Ela diz que não foi apresentado nenhum pedido. Se conhecesse o processo legislativo, saberia que são necessárias 17 assinaturas para dar andamento à proposta.”
O parlamentar também comentou a fala de Dulci Amorim de que o “povo está mal representado na Assembleia”. “Ela não pode julgar a atuação dos colegas. Tenho orgulho do meu trabalho e reafirmo meu compromisso com a CPI. Queremos esclarecer e ajudar nas investigações do crime”, ressaltou.
Na semana passada ocorreu a primeira discussão sobre o tema. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as circunstâncias do assassinato da menina Beatriz Angélica Mota, de sete anos, foi defendida pelo deputado Romero Albuquerque (PP), em discurso na Reunião Plenária.
O crime ocorreu no município de Petrolina (Sertão do São Francisco), em 2015. O pedido apresentado, segundo o deputado, conta com o apoio de 16 dos 17 parlamentares exigidos para a abertura do colegiado, que tem poder de investigação.
Segundo Albuquerque, o objetivo da CPI é contribuir com a apuração do episódio. “Não há intenção de partidarizar a discussão, como foi dito por algumas pessoas. Nem se trata de uma questão de Governo ou de Oposição, mas de justiça para uma família que teve a filha brutalmente assassinada”, argumentou, cobrando posicionamento por parte de deputados que não endossaram a iniciativa.
“Muito me surpreende ver colegas emitindo notas apontando que uma CPI atrapalharia o andamento do caso para justificar a própria omissão. Na verdade, a comissão tem o propósito de agregar com os trabalhos”, observou o parlamentar. “Também fui acusado de ser de extrema direita, o que não sou”, acrescentou.
Ele salientou ter consultado a mãe da menina, Lucinha Mota, sobre a necessidade da CPI. “Nós confiamos na atuação da SDS (Secretaria de Defesa Social) e da Polícia Civil. Até parabenizo todos os esforços de ambas as instituições. Mas há alguns pontos que a família gostaria de esclarecer e eu, como pai, propus esse caminho.”
Redação redeGN com informações Alepe Foto Ilustrativa
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