O Governo de Pernambuco afirmou, nesta terça-feira (28), ser favorável à federalização do caso da menina Beatriz Angélica, assassinada em 10 de dezembro de 2015 em uma escola no município de Petrolina, no Sertão do Estado.após uma caminhada que iniciou no último dia 5 e percorreu, durante 23 dias, mais de 700 quilômetros da cidade sertaneja até a capital.
“Estamos totalmente solidários ao sofrimento da família e somos favoráveis à federalização do caso. Vamos prestar toda a colaboração necessária, ciente que cabe à Procuradoria-Geral da República ou ao Ministério da Justiça avaliar se estão presentes os requisitos legais para a referida federalização", destacou Câmara.
Em seis anos, a investigação passou pelas mãos de oito delegados, tem 24 volumes de inquérito, centenas de horas de gravações de imagens e mais de 400 pessoas ouvidas. A família afirma que houve sabotagem dentro da própria Polícia Civil durante os trabalhos.
A reportagem da REDEGN buscou informações com o advogado Jaime Badeca sobre o que significa na prática federalizar o Caso Beatriz.
De acordo com o advogado "federalizar um inquérito policial significa retirá-lo da competência do Estado-membro para a União. Os crimes dolosos contra a vida, ou seja, o homicídio, são por determinação da Lei, apurados pela polícia civil dos Estados, sob a supervisão do Ministério Público Estadual e das Justiças Estaduais. Quando ocorre bastante morosidade, ineficiência, desinteresse, inércia, interferências, conflitos de interesses e outras dificuldades que travam a investigação abre-se a possibilidade de se fazer o deslocamento dessa competência original para a polícia federal , Ministério Público Federal e Justiça Federal. O Procurador Geral da República ( PGR ) é quem tem essa prerrogativa de representar junto ao Superior Tribunal de Justiça a quem cabe a decisão final".
"Nós ingressamos em 30/09/2020 com esse pedido na PGR o qual encontra-se em fase avançada de tramitação. Nele foram relatados os diversos problemas, falhas e omissões dessa investigação. A Caminhada por Justiça teve como um dos objetivos buscar junto ao Governo de Pernambuco uma manifestação de apoio a este pedido a fim de reforçar a possibilidade de uma decisão favorável desses órgãos superiores do sistema de Justiça do Brasil", disse Jaime Badeca.
Após a reunião com o Governador, a família afirmou que seguirá na busca para que o caso seja investigado por órgãos federais. “Esse documento onde o governador se posiciona a favor da federalização vai, sim, nos ajudar no nosso processo. Beatriz merece um inquérito justo, Beatriz tem direitos fundamentais e nós vamos lutar. Aqui é só o início, eu vou mover montanhas, se necessário for, para Beatriz ter um inquérito e um processo justo e seus assassinos serem punidos”, comentou Lucinha Mota.
“De certa forma, saímos vitoriosos com a conquista, com o passo dado. Sabemos que Beatriz não vai voltar, mas sabemos que estamos caminhando”, acrescentou o pai.
No programa Edenevaldo Alves, Rádio Petrolina FM, desta quarta-feira, Lucia Mota também revelou que a polícia já sabe quem matou Beatriz e quais foram as motivações do crime. Ela disse que a primeira delegada que atuou no inquérito, Sara Machado descobriu e produziu um relatório apontando a motivação do crime. A família, na investigação paralela, acredita que é a mesma motivação. “A polícia sempre soube. A partir do momento em que ela começou a investigar a linha correta, eles se desesperaram ali e tiraram ela do inquérito , foi isso que aconteceu. Ela não estava presidindo o inquérito, não, tinha alguém acima dela, mandando e desmandando dentro do colégio”, declarou.
CRIME: Beatriz Angélica foi assassinada a facadas dentro da escola onde estudava, durante uma solenidade de formatura que aconteceu na noite do dia 10 de dezembro de 2015. O pai dela era professor de inglês da instituição.
A última imagem que a polícia tem de Beatriz foi registrada às 21h59 do dia 10 de dezembro de 2015, quando ela se afasta da mãe e vai até o bebedouro do colégio, localizado na parte inferior da quadra.
Ela foi encontrada já morta, com 42 marcas de facadas em um depósito de material esportivo desativado, ao lado da quadra de esportes onde acontecia a formatura.
Ela tinha ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores. A faca usada no crime, de tipo peixeira, foi encontrada cravada na região do abdômen da criança.
NOTA COLÉGIO:O Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, tendo em vista as especulações divulgadas pela mãe de Beatriz Mota no dia de ontem, 27/12/2021, informa que as imagens divulgadas compõem o Inquérito Policial desde meados de 2017/2018, as quais a mesma teve acesso desde o respectivo período.
Com relação às pessoas que aparecem nas imagens, estas não fazem parte da nossa instituição, tendo sido todas identificadas e ouvidas pela Policia Civil de Pernambuco.
Como já nos posicionamos em outras oportunidades, não houve manipulação e/ou exclusão de imagens das câmeras pelo Colégio. As gravações foram entregues de forma completa e em originais à autoridade policial, inclusive devidamente documentado no Inquérito Policial, cabendo aqui esclarecer que foi o colégio que financiou a recuperação das imagens à pedido da Polícia Civil de Pernambuco.
Registre-se que é de total interesse da Direção desta instituição que o crime seja. brevemente elucidado, apurando-se a verdade real, declarando que confia plenamente na Justiça e na Polícia Civil do Estado para a solução do caso.
Petrolina, 28 de dezembro de 2021.
Redação redeGN Foto rede sociais
1 comentário
29 de Dec / 2021 às 10h21
O Colégio N. S. Auxiliadora deveria ser fechado depois desse crime bárbaro onde todos os indícios apontam CONIVÊNCIA da instituição nesse assassinato cruel. Em momento algum a diretoria e as autoridades se solidarizaram com o sofrimento da família, demonstrando frieza e se esquivando da sua responsabilidade. De "santa" esse colégio só tem o nome. Não honra mais os princípios cristãos, pois "escondem o jogo" e fazem questão disso, agindo de maneira demagógica e hipócrita. Jamais matricularia um filho nessa instituição que entrará para as páginas negras e sangrentas da história de Petrolina.