Após pressão de Lucinha Mota e Sandro Romilton, e da comitiva que acompanha o caso Beatriz, o governo de Pernambuco anunciou que apoiará a federalização das investigações, uma das principais bandeiras defendidas pela família, que luta por Justiça. Uma nota oficial foi divulgada pelo Estado na tarde desta terça-feira (28) confirmando o apoio, após reunião reunião com a Comitiva e os pais da criança, de 7 anos, no Palácio do Campo das Princesas.
Paulo Câmara recebeu os pais de Beatriz, que vieram em caminhada de Petrolina ao Recife, ao lado da vice-governadora Luciana Santos, do secretário de Defesa Social, Humberto Freire, do secretário da Casa Civil, José Neto, do Chefe de Polícia Civil, Nehemias Falcão, e da procuradora-geral do Estado em exercício, Giovana Gomes. O governador assegurou aos pais da menina que é favorável à federalizacão da investigação.
"Presto total solidariedade à família e amigos de Beatriz, que estão empenhados há seis anos na luta pela punição dos responsáveis pelos crimes. O Governo de Pernambuco se manifesta favoravelmente à federalização do caso e assegura, ainda, que prestará toda a colaboração necessária, ciente de que cabe à Procuradoria Geral da República ou ao Ministério da Justiça, avaliar se estão presentes os requisitos legais para a referida federalização", diz a nota.
Peritos americanos
Apesar disso, Lucinha disse ter saído insatisfeita com a posição do Estado. "Nós vamos lutar para que a federalização aconteca. Não estou safisfeita com o posicionamento em relação a cooperação dos peritos americanos, mas eu já vou, a partir de agora, correr atrás de mais embasamento jurídico para contestar o que eles falaram, sem nenhuma previsão legal, porque a única coisa que o secretário disse, é que ele não achou amparo. Perguntei se ele achou algo que impedisse, ele se calou. Ou seja, não existe. Já consultei juristas do país, e todos falaram categoricamente que não existe nenhuma previsão legal que impeça o governo contratar uma empresa privada para prestar serviço", disse Lucinha.
Sobre o pedido de acesso aos conteúdos da investigação por parte de uma empresa privada americana, sem qualquer vínculo com o Governo dos EUA ou suas representações diplomáticas no Brasil, a Secretaria de Defesa Social esclareceu que esse tipo de cooperação não encontra respaldo na legislação brasileira.
"O Governo do Estado preferiu escolher o lado mais difícil, porque essa colaboração técnica com a empresa americana caberia somente ao estado de Pernambuco, dentro dos trâmites legais. Um dos questionamentos nossos foi como fica o Caso Beatriz agora, o que vai acontecer? Eles disseram que estão empenhados. Vamos peticionar essa ajuda para que essa empresa americana venha a ajudar no caso, e peticionaremos ainda esses outros três volumes que estão acrescentados no inquérito. Foi uma conquista. Sabemos que Beatriz não vai voltar, mas estamos caminhado. O movimento Somos Todos Beatriz está cada vez mais forte. O povo de Pernambuco nos acolheu e entendeu o motivo que saímos de Petrolina a pé", finalizou Sandro Romilton.
Ainda segundo Lucinha, o governador teria saído em defesa de Alisson Henrique, ex-funcionário do Colégio Maria Auxiliadora que foi apontador como o responsável por apagar as principais imagens que possivelmente ajudariam na elucidação do caso, ao alegar que a Polícia Civil "quem não soube manusear [o HD]".
Perito do caso
A mãe de Beatriz também afirmou que o governador Paulo Câmara também assinou a demissão do perito Diego Leonel, que atuou na perícia sobre o assassinato da menina. De acordo com as investigações da Corregedoria, Diego participou da criação de um plano de segurança para o colégio, na condição de sócio cotista da Empresa Master Vision.
"Isso é pouco. Ele tem que ser preso. A Corregedoria não investigou a denúncia que eu fiz contra Diego, mas eu espero que a Polícia Federal investigue, e desmonte essa quadrilha que vem tirando as vítimas, o direito de ter um inquérito justo", disse Lucinha.
A exoneração será publicada no Diário Oficial do Estado de amanhã (29/12).
Caso Beatriz
O inquérito do caso tem 24 volumes, 442 depoimentos, sete tipos diferentes de perícias, 900 horas de imagens e 15 mil chamadas telefônicas analisadas e foi remetido ao Ministério Público de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 2021. Os autos já haviam sido enviados em 2019, ao Ministério Público de Pernambuco, que requisitou novas diligências. Todas as solicitações foram cumpridas e entregues ao MPPE pela Força-Tarefa criada pela Chefia de Polícia para investigar o caso.
"Os quatro delegados, com vasta experiência em investigações relativas a crimes de homicídios, revisitaram todo o material que já havia sido produzido e realizaram novas diligências. Por determinação do governador, a Força-Tarefa continua mobilizada", disse o governo do Estado.
Os pais de Beatriz Mota chegaram no Recife na manhã desta terça-feira (28), após caminharem cerca de 720 km em busca de justiça. Ele saíram de Petrolina no último dia 5 de dezembro, passando por diversas cidades em uma verdadeira cruzada por respostas sobre o caso da filha.
Da Redação RedeGN
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