Mais de 1,4 milhão de doses de vacina paradas. Esse é o estoque de imunizantes da Pfizer na Bahia, que foi um dos estados que solicitaram essa semana que o Ministério da Saúde suspendesse temporariamente o envio de doses da farmacêutica.
O pedido foi feito por pelo menos 13 estados, incluindo Minas Gerais e Rio de Janeiro, e pelo Distrito Federal. Além desses, Alagoas, Pará e Paraná pediram uma redução do quantitativo enviado.
Por trás desse pedido, na Bahia, estão duas razões principais: a logística dessas semanas de feriados de Natal e Réveillon, quando o movimento esperado já é menor, e o alto número de faltosos. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), das quase 1,5 milhão de pessoas com a segunda dose atrasada, no mínimo, 959 mil são indivíduos que não completaram o esquema da Pfizer. Há, ainda, cerca de 320 mil que não finalizaram a AstraZeneca e 145 mil que não tomaram a segunda dose da Coronavac. A vacinação estará suspensa desta sexta (24) até domingo (26), voltando a ficar disponível na segunda (27), mas os horários, locais e públicos-alvo ainda não foram informados.
Por isso, a medida da Sesab visa a cautela na liberação, para atender as demandas de cada um dos territórios - que, por vezes, são heterogêneas e distintas entre si. Além disso, o imunizante da Pfizer tem especificidades: o armazenamento ideal, que preserva a validade por mais tempo, é em temperaturas que chegam a -70ºC.
"Após retirar a vacina dos ultrafreezers, que têm temperaturas muito negativas, a validade dela passa a ser de 31 dias a partir da retirada. Se a gente mantiver no ultrafreezer, consegue ficar no prazo de validade do fabricante, que chega a nove meses", explica o técnico da coordenação estadual de Imunização da Sesab Ramon Saavedra, também pesquisador do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
A pasta fez, então, um planejamento operacional com projeções que estimam as demandas que podem surgir nas próximas duas semanas, prazo da suspensão temporária. Ainda segundo Saavedra, a Sesab também pediu aos municípios que façam pedidos pelas doses da Pfizer também projetando como será a saída dos imunizantes - ou seja, como anda o movimento da vacinação na cidade, para não correr o risco de perder as doses.
Nas últimas semanas, com o avanço da vacinação entre as faixas etárias, a demanda também ficou menor. "Todos os municípios da Bahia já recebem Pfizer, mas a gente não consegue garantir que as vacinas cheguem lá em temperatura de ultrafreezer. Ela já chega para eles nesse prazo de 31 dias, por isso o planejamento é importante".
TEMPERATURA: Não há previsão de fazer isso com as outras vacinas até porque a estocagem delas é diferente. Elas podem ser armazenadas em refrigeradores comuns durante todo o tempo, por exemplo. Além disso, Saavedra adianta que a Sesab tem estoque desses imunizantes não apenas na Central Estadual que fica em Simões Filho, como nas 30 centrais regionais.
"Temos uma expertise reconhecida nessa capilaridade da rede de frio. Assim, temos a certeza de que, desde o momento em que o produto sai do laboratório até o momento em que a agulha chega no braço do paciente, ele não sofre nenhuma variação de temperatura fora do padrão orientado pelo fabricante", garante.
O governador Rui Costa enfatizou que o pedido ao ministério, na verdade, se trata de uma solicitação para “escalonar” o envio de vacinas, o que é diferente de não enviar mais, justamente pelo prazo de validade. De acordo com ele, somando os faltosos da segunda dose com os que ainda não tomaram a terceira dose, o número de atrasados passa de 2,4 milhões no estado.
Correio 24hs Foto Sesab
1 comentário
24 de Dec / 2021 às 12h45
Só observando,brigava tanto por vacina,agora recusa. Vá entender.