Ex-líder de Bolsonaro direcionou R$ 330 milhões para projeto político do filho, denuncia Folha de São Paulo

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), ex-líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, destinou R$ 330 milhões em emendas para a prefeitura de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, comandado pelo filho do parlamentar, Miguel Coelho.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, uma grande parte dos recursos foi feita por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Miguel Coelho pretende concorrer à eleição para o Governo do Estado. 

“A Codevasf tem vivenciado um período positivo, com expressivos incrementos na alocação e execução de recursos orçamentários, especialmente os oriundos de indicações parlamentares", informou a Codevasf em um relatório enviado à Câmara Municipal de Petrolina, no mês de maio, em resposta a requerimento do vereador Gilmar dos Santos Pereira (PT).

Segundo os dados da estatal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, nos três anos que antecederam a chegada de Bolsonaro ao poder, entre 2016 e 2018,  a destinação de recursos da Codevasf por meio de indicações feitas por parlamentares chegou a pouco mais de R$ 90 milhões.  “Porém, só nos dois primeiros anos da atual administração federal, o valor das emendas e outras formas de repasses por congressistas mais que quintuplicou na divisão da companhia com sede em Petrolina, chegando a R$ 490 milhões”, destaca a reportagem. Deste total, quase 70% (R$ 330 milhões) teve a indicação do senador.

Fernando Bezerra Coelho também destinou R$ 150 milhões à Codevasf de Petrolina em 2020, cerca de R$ 150 milhões do valor total por meio das chamadas emendas de relator, valores que compõem o chamado orçamento secreto do governo para cooptar parlamentares no Congresso. O deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE), um outro filho do senador,  endereçou R$ 22 milhões  para a sede regional da estatal. 

 

A maior parte dos recursos (47%), foi alocada na pavimentação de vias. Em seguida aparecem a compra de máquinas e equipamentos (28%), perfuração e instalação de poços (9%) e a recuperação e implantação de reservatórios hídricos (7%).  A Controladoria-Geral da União (CGU), porém, aponta a concentração excessiva das obras de pavimentação. 

"Nas notas técnicas encaminhadas à CGU acerca de pavimentação de vias, a unidade indica que 95% das vias selecionadas (528 vias) localizam-se no município de Petrolina, enquanto apenas 5% das vias (30 vias) localizam-se em outros municípios da área de atuação da unidade", aponta um documento da CGU, de acordo com a reportagem. 

Fonte: Folha de São Paulo