As vacinas contra a covid-19 aplicadas no Brasil são, além de eficazes, extremamente seguras e apresentam baixíssima taxa de eventos adversos graves. Os dados constam em boletim epidemiológico especial do Ministério da Saúde, que avaliou a vacinação no país entre 18 de janeiro e 25 de outubro e viu que o risco de ser internado com a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) é 257 vezes maior do que o de ter uma reação ao imunizante.
Segundo o boletim, a incidência de eventos adversos graves (EAG) notificados no Brasil foi de cerca de 5,1 eventos para cada 100 mil doses aplicadas (ou 0,005% do total). Foi analisada a aplicação, no período, de 194 milhões de doses no país.
No período de análise, foram registrados ao todo 139 mil eventos adversos (entre graves e não graves) no sistema de informação e-SUS (os dados, porém, excluem o estado de São Paulo, que utiliza sistema próprio) —sendo 11,4% (15 mil doses) resultados de erros de aplicação. "Observa-se uma incidência total de 0,6/1.000 doses aplicadas", diz o boletim.
Nesse mesmo período da análise, haviam sido administrados 271 milhões de doses em 111 milhões de brasileiros ao todo (contando São Paulo).
"Os dados aqui apresentados denotam o excelente perfil de benefício versus risco da vacinação contra a covid-19", diz o Boletim.
Para efeito de comparação, o boletim do ministério aponta que, até 22 de novembro, foram internadas 2,7 milhões de pessoas por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e registrados 611 mil óbitos de covid-19 no Brasil.
"Portanto, 1,3% da população brasileira foi internada ou evoluiu para o óbito por SRAG entre 2020 e 2021. No mesmo período, a mortalidade por covid-19 foi de 288,6 a cada 100 mil habitantes —o que corresponde a um risco 257 vezes maior de ter sido internado por SRAG e 56,6 vezes maior de ter morrido pela covid-19 até o presente momento do que o risco de ocorrência de um episódio adverso", aponta.
Casos sem relação
Para o ministério, porém, os dados notificados incluem, em sua maioria, casos que, ao serem investigados, não apresentam qualquer relação com a vacina. "Ressalta-se que estas são estimativas conservadoras, tendo em vista que parte expressiva dos EAG notificados não possuem qualquer relação causal com a vacinação", afirma a pasta.
Por exemplo: dos eventos 9.896 adversos graves notificados, 35,7% foram descartados e classificados como "reações coincidentes ou inconsistentes", ou seja, sem relação causal com a vacina. Apenas 428 (menos de 5% do total) tiveram investigação que confirmou a relação com a vacina, e outros 5.148 (52%) casos permanecem em investigação.
É considerado EAG qualquer evento que requeira hospitalização e que tenha ao menos um desses itens:
Ocasione risco de morte ou que exija intervenção clínica imediata para evitar o óbito;
Cause disfunção significativa e/ou incapacidade permanente;
Resulte em anomalia congênita;
Ocasione o óbito.
Já o evento adverso não grave é qualquer outro evento que não preencha critério de EAG ou no caso de erro de imunização.
Sobre os 3.366 óbitos notificados, após avaliação apenas 11 foram confirmados como tendo relação com a vacina. Já outros 1.861 foram classificados como inconsistentes ou coincidentes e 1.270 (37,7% do total) seguem em investigação.
"Os 11 óbitos classificados como A1 [reações inerentes ao produto conforme literatura] foram casos da síndrome de trombose com trombocitopenia, uma síndrome rara descrita com as vacinas de vetor viral após seu uso em larga escala na população. Destes casos, 8 foram com a vacina AstraZeneca e 3 com a vacina Janssen", diz o boletim.
"Ressalta-se que a vacinação contra a covid-19 ocorreu em vigência de elevada incidência de casos de covid-19, de tal forma que um número expressivo de indivíduos foi vacinado no período de incubação do vírus, levando a notificação de número expressivo de episódios coincidentes com a vacinação", diz o Boletim.
UOL / foto: reprodução
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