Sedes informa que já realizou a abordagem e escuta especializada aos moradores de rua e as mesmas recusaram o atendimento do município

Na semana passada, dia 8, a REDEGN, denunciou que o desemprego e falta de assistência das autoridades colocam em risco sobrevivência de moradores que vivem nas ruas. O número de moradores de rua aumenta a cada dia e isto é visivel no centro da cidade e orla de Juazeiro.

 A situação tem preocupado. Pelas redes sociais vários comentários solicitam solução à Prefeitura e secretarias de assistência social, promoção social e saúde.

A redação esteve na praça Imaculada Conceição, mais conhecida como “Praça da Igreja.

Socialmente vulneráveis, com doenças crônicas e imunodepressoras, usuários de drogas, vivendo em condições extremamente insalubres e vítimas da fome, essa população tem sido uma vítima invisível da doença: as autoridades públicas de saúde no estado não possuem dados epidemiológicos oficiais sobre os impactos da pandemia neste grupo social.

NOTA PREFEITURA JUAZEIRO: A Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade (Sedes), informa que já realizou a abordagem e escuta especializada das pessoas que aparecem nas imagens publicadas junto com a matéria e as mesmas recusaram o atendimento do município, bem como a vacina contra a covid, que foi ofertada à todas as pessoas em situação de rua.

A Sedes reforça que o atendimento é prestado pelo Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP), que dispõe de um serviço de acolhimento para esses usuários, onde contam com alimentação, assistência médica e atividades socieoducativas, além do cuidado de uma equipe multiprofissional. Entretanto, esse atendimento precisa ser consentido.

Atualmente, o Centro POP Isolamento conta com 26 usuários acolhidos.

ABRIL: No mês de abril deste ano a reportagem da REDEGN já alertava sobre o aumento desta população de rua, que acontece em Juazeiro e Petrolina. Confira:

A população em situação de rua cresce em Juazeiro e Petrolina e tende a aumentar com a crise econômica acentuada pela pandemia da Covid-19. Entre as pessoas sem moradia estão desempregados e trabalhadores informais, como guardadores de carros e vendedores ambulantes. Ano passado duas pesquisas concluídas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) alertaram: a propagação do novo coronavírus aumenta a vulnerabilidade de quem vive na rua e exige atuação mais intensa do poder público.

Em Juazeiro e Petrolina é vísivel o aumento de pessoas nas portas dos bancos e praças, nas vias públicas em situação de "pedir alguma dinheiro, um prato de comida para poder se alimentar". A reportagem da REDEGN constatou o aumento do número de pessoas "vivendo" na orla Juazeiro, nas margens do Rio São Francisco, onde as árvores e bancos servem de abrigo.

"Seu Carlos", deitado no banco da orla disse que estava com fome. Citou que sem emprego veio do sertão de Pernambuco e vive na rua. "Durmo na praça da Igreja. Não é fácil", declarou.

"Rastafá, o Cabeludo", pediu para ser fotografado. "Já trabalhei de palhaço de circo. Hoje vivo lavando carro".

Nas margens do rio São Francisco até barraca foi montada. Basta um giro pelas ruas e avenidas, áreas de praças, calçadas e margens do Rio São Francisco para ver o tamanho dessa chaga social e como ela ganha espaço noite e dia, incluindo várias homens, mulheres e até crianças sob caixas de papelão, em barracas.

Na orla de Juazeiro é comum os Moradores de rua usando o local público como banheiro. Em alguns pontos a fedentina é sentida. No centro da cidade uma mãe amamenta uma criança e "pede ajuda". Ela pediu para não dá entrevista.

Numa visão mais geral, o estudo “Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil em Tempos de Pandemia: Um Levantamento de Medidas Municipais Emergenciais”, revela que apesar das ações emergenciais que as prefeituras vêm realizando, a tendência é o aumento do contingente em situação de rua durante a pandemia por conta da desocupação crescente e mais intensa devido ao desaquecimento da economia no curto e médio prazo. 

“Com o avanço da pandemia, essas pessoas enfrentam mais dificuldades de acesso à higiene, além de água e alimentação. E, mesmo que quisessem deixar as ruas, não existiria abrigo para todos”, alerta a pesquisa destacando que é urgente buscar alternativas para o aumento temporário da capacidade de acolhimento.

De acordo com uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de pessoas em situação de rua no Brasil cresceu 140% entre 2012 e março de 2020, chegando a quase 222 mil pessoas.

Outra fonte de dados para o levantamento foi o Cadastro Único (CadÚnico) do Governo Federal. No total, 81,5% da população em situação de rua está em municípios com mais de 100 mil habitantes, principalmente das regiões Sudeste (56,2%), Nordeste (17,2%) e Sul (15,1%).

É importante salientar que em 2020 18,5% da população de rua estava em municípios pequenos ou médios, indicando a necessidade de se pensar também em políticas públicas adequadas a essas localidades.

CONFIRA NOTA em abril 2021 – Prefeitura Municipal de Juazeiro

A Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade (SEDES), informa que ainda não possui um levantamento do número de pessoas em situação de rua no município, mas percebe, a partir das abordagens em diversos pontos da cidade, que esse quantitativo tem aumentado. Contudo, também não é possível precisar se o aumento está associado à pandemia do novo coronavírus ou a outros fatores. 

De janeiro a abril de 2021, foram realizadas 14 abordagens às pessoas em situação de rua, em pontos estratégicos da cidade. Durante essas ações, os usuários que expressam consentimento são encaminhados para o Isolamento do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP). No espaço, eles contam com acompanhamento de uma equipe multiprofissional, alimentação, atividades socioeducativas e atendimento médico. Além disso, a equipe do serviço também entra em contato com a família do usuário, a fim de promover a sua reintegração familiar e o fortalecimento dos vínculos.

A SEDES ressalta, ainda, que a legislação não permite o encaminhamento compulsório dessas pessoas para o Isolamento do Centro POP. Elas precisam aceitar o atendimento.
 

Redação redeGN Fotos Ney Vital