Raizeiros: Ciência e conhecimento tradicional é tema da live do Encontro Saberes da Caatinga

Prevenir e auxiliar o tratamento de doenças como diabetes, hipertensão são alguns dos benefícios da fitoterapia. Incluir plantas medicinais no alimento ou no preparo de chás pode resultar em uma melhor qualidade de vida e evitar as enfermidades mais comuns em todo o mundo, além de combater depressão e ansiedade. 

Este foi o tema da live realizada na manhã desta sexta-feira na live realizada durante o V Encontro dos Saberes da Caatinga. Sobre o assunto e o diálogo como é possível criar uma “farmácia caseira”, cultivando produtos naturais, o médico clínico geral Celerino Carriconde, mestrado em Medicina Comunitária e Epidemiologia, participou do evento.

Celerino apontou os principais alimentos causadores de doenças, destacou o uso dos refinados. “O açúcar, o sal e o trigo levam a uma série de problemas e são verdadeiros venenos. Outro fator é a falta de fibra na alimentação. O uso de óleos, que produzem inflamação no corpo, como os derivados de soja, milho, canola, e são todos transgênicos, também. Os óleos bons são aqueles que têm ômega 3, como de Oliva extra virgem, gergelim, coco e palma, que agem como anti-inflamatórios. Outra questão relevante é o uso de laticínios, que provocam alta incidência de câncer”, comenta.

Atendendo, em sua maioria, casos de doenças degenerativas, o médico ressalva que as plantas não promovem a cura de enfermidades, mas agem como coadjuvantes nos processos terapêuticos. Ele ainda defende que o paciente precisa assumir o protagonismo, cuidando da sua própria alimentação e não se tornando refém de medicamentos.

Cultivando mais de 100 espécies orgânicas em seu sítio, em Jaboatão, Pernambuco, o médico destaca entre elas a cúrcuma, utilizada como anticancerígeno e anti-inflamatório. 

“Ela é da mesma família do gengibre e aqui cultivamos de forma artesanal para consumo próprio e para ser vendida em feiras orgânicas. A planta tem propriedade antitumoral e age direto nas inflamações”, afirma. A especiaria é consumida em pó e leva cerca de seis meses para nascer. Até ficar pronta para uso, a raiz passa por um longo processo de secagem e moedura. A produção mensal no sítio chega a ser de 10 kg de cúrcuma, que pode ser utilizada nos alimentos como tempero para carnes, aves e frutos do mar.

Desde 1997 morando no sítio com a esposa, a enfermeira Diana Mores, o casal mantém o Centro Nordestino de Medicina Popular, que divulga a fitoterapia e medicina caseira entre grupos comunitários e famílias de baixa renda. 

“O Centro funciona como uma ONG que trabalha com comunidades carentes através de financiamentos de outros países. Hoje, o trabalho com planta medicinal é considerado política pública no SUS e promovemos a questão na segurança alimentar e da alimentação saudável para que as pessoas possam fazer do alimento o seu remédio”, conta Celerino.

Assim como a fitoterapia, outros tratamentos que fazem parte da medicina complementar são oferecidos pelo SUS para minimizar os efeitos colaterais de medicamentos e complementar procedimentos convencionais. Ao todo, 19 práticas, como homeopatia, acupuntura, arteterapia, meditação, musicoterapia, osteopatia, reflexoterapia, shantala e ioga foram institucionalizadas.

Segundo a OMS, 80% da população mundial utilizam a fitoterapia no que se refere à Atenção Primária à Saúde. A cada ano cresce os atendimentos das práticas complementares nas unidades básicas de saúde de todo o país. 
 

Redação redeGN