Historicamente, todas as manifestações com a participação ativa do povo, geralmente têm fortes embasamentos motivacionais no combate ao poder absolutista e ditatorial, em que a liberdade de expressão e os direitos fundamentais do cidadão são violentamente suprimidos. Diante dessa clara percepção e vivendo num regime democrático, é inadmissível que se esteja a convocar uma grande manifestação nacional na Capital do País em 7 de setembro, sob a inconcebível e questionável invocação de que se trata da luta pela LIBERDADE! De que tipo ou falta de liberdade no País efetivamente se reclama? Pelo não retorno das ultrapassadas formas de apuração de votos?
E o pior de tudo é testemunhar-se que por trás de toda essa aberração estúpida, ou diria melhor, à frente dela, está o discurso insidioso do próprio líder maior da Nação, Chefe de um dos Três Poderes da República, a se insurgir contra os outros dois Poderes - mais particularmente contra o Judiciário -, justamente aquele que deveria estar estimulando a paz interna, o entendimento e o espírito de nacionalidade, e não da desordem e da violência! Até onde lembramos, essa prática pertencia a certos grupos radicais de esquerda que, até pouco tempo atrás, apareciam infernizando a vida rural, notadamente no interior do País. Leia-se MST.
Por ser um movimento desproposital e extemporâneo, o que assistimos é uma declarada campanha eleitoral Presidencial antecipada, em que as questões governamentais nacionais são relegadas a segundo plano, em troca de motociatas, cavalgadas, lives improdutivas e deslocamento de comitivas oficiais para inaugurações inexpressivas!
É inacreditável o que se tem ouvido dos organizadores do referido encontro em Brasília, onde as frases pregam o incitamento à desordem, inclusive com possível invasão às instalações da sede do Superior Tribunal Federal, como se tal desequilíbrio e anarquia possam encontrar respaldo na Democracia que tanto pregam. O que precisa ser extinta é a regra dos Presidentes da República indicarem candidatos a Ministros do STF e ficarem a cobrar fidelidade partidária nas decisões por toda uma vida, ou ao longo da magistratura do indicado para aquela Corte.
Em outra crônica minha, editada em 10/08/2014, com o título “DEMOCRACIA: HAVERIA CONFLITO ENTRE DIREITOS E DEVERES?”, já dizia: “A convivência do cidadão com os prazeres da liberdade, estabelece o seu comprometimento com o respeito a certos limites na prática dos DIREITOS individuais e coletivos, e a necessidade de compreender a responsabilidade e as consequências de certos atos praticados. Daí é que nas manifestações públicas legítimas e procedentes por justas necessidades de mais conquistas sociais ou mesmo em protestos indignados contra o lamaçal de corruptos que assola o país, ainda assim, aqueles que se manifestam tem a obrigação moral de conhecerem os seus DEVERES e obrigações perante as leis que disciplinam os hábitos e costumes da sociedade, entendendo, principalmente, “QUE O SEU DIREITO TERMINA ONDE COMEÇA O DIREITO DO OUTRO”. [...] de defender o seu patrimônio particular e preservar os bens públicos”.
A indignação do autor reside na clara constatação de que a Direita convoca o povo para ir às ruas lutar contra um inimigo invisível. A esquerda inofensiva e débil que aí está, não tem coragem nem de acompanhar nas ruas o seu baqueado mito, que um dia foi tratado pelo Presidente dos EUA, o Barack Obama, como “esse é o cara”. A construção de um grande líder começa por atos relevantes em defesa do seu povo e o fortalecimento da Pátria, e não por atitudes personalistas que enalteçam o seu próprio ego, como atualmente se repete, diuturnamente.
Espera-se que a manifestação possa se transformar num instrumento eficaz de aprendizado democrático. Geralmente, é a Oposição que promove as manifestações na tentativa de conquistar espaços ou reivindicar direitos diante do poder. Os papéis se inverteram e a Situação é que protesta a falta de liberdade! Quem diria!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
14 comentários
05 de Sep / 2021 às 23h14
Oportuno falar em liberdade nesse momento em que vivemos, essa coisa que se instalou democraticamente, através do voto livre, agora fala em liberdade;já assumiram a Bandeira do Brasil, nosso hino, agora querem assumir o 7 de setembro, onde tínhamos a voz dos excluídos como tema principal de uma nação que busca seu espaço entre as maiores democracias do mundo. Parabéns, Agenor, pelo brilhante texto! (Salvador-BA)
05 de Sep / 2021 às 23h17
Triste, triste, parabéns pelo artigo. Abraço! (São Paulo-SP).
05 de Sep / 2021 às 23h18
Mais real que esse Artigo não sei se vamos ter. E tomara mesmo que não tenha... A verdade é que se vive todos os dias uma brigalhada odiosa que ninguém sabe mais quem está certo ou errado. Só faltava isso, Brasil!!!
05 de Sep / 2021 às 23h20
Direitos e deveres, esse binômio é a base de uma sociedade politicamente organizada. Mais uma boa leitura. Obrigado. (Salvador-BA).
05 de Sep / 2021 às 23h31
Muito bom! A velha história do cachorro e do poste. Quando os papéis se invertem. (Rio de Janeiro-RJ).
05 de Sep / 2021 às 23h40
Bela crônica. Enquanto não sairmos desta dicotomia Bolsonaro x Lula não conseguiremos achar o caminho. Precisamos achar uma terceira via, que possa pôr o País nos trilhos. (Salvador-BA).
05 de Sep / 2021 às 23h47
Belas palavras, parabéns amigo! (Rio de Janeiro-RJ).
06 de Sep / 2021 às 00h28
Crônica maravilhosa! Você cada dia se superando. Rogo a Deus que nossos receios não se realizem. Vamos torcer pelo bom senso das autoridades. (Salvador-BA)
06 de Sep / 2021 às 08h18
Bom texto !! A esquerda nem precisa agir, a direita brasileira, com tantas asneiras e, tirando os nossos direitos, já se entregou. (Salvador-BA).
06 de Sep / 2021 às 08h55
Assiste-se, não há dúvida, à deterioração crescente do exercício político. Insanidades são consignadas em criminosos factóides e numa violência absurdamente propugnada por quem deveria reger, com a batuta da sabedoria, a orquestra já, de longa data, tristemente desafinada. Poucos não foram, quando dos inditosos ensaios de 2018, os alertas emanados de boa parte da apreensiva platéia quanto aos perigos de se estender o tapete e se propiciar o púlpito para um maestro tão rude e já maculado pelas aberrações musicais de seu pregresso carreirismo político. Radicalismo e polarização (continua).
06 de Sep / 2021 às 08h56
(cont.) ...comprovadamente danosos! Miopia politiqueira! Para além dessas diatribes inaceitáveis - ameaças ao voto, ao STF, ao Congresso Nacional, aos direitos constitucionais -, o que tanto impacienta e, com justiça, causa forte indignação é duplamente testemunhar a alguns políticos e aos seus mais empedernidos seguidores investirem na burra repetição daquela prática radical, apostando, de modo irresponsável e desagregador, na dita polarização; e saber que ainda existem, no que pesem as insidiosas ações deste celerado capitão de milícias, adoradores prontos para, como se realmente (continua)
06 de Sep / 2021 às 08h58
(cont. ...partícipes de uma assembléia de fanáticos ou de um rebanho ignoto, idolatrar este (des) governo. Não haverá, creio, outro caminho que não seja o do fortalecimento da democracia através da livre e saudável política, caminho do qual estejam apartados os perigosos atalhos da prepotência e da mentira. Consciência, conhecimento, humildade e renúncia são as qualidades que devem promover um horizonte mais acalentador. (Salvador-BA).
06 de Sep / 2021 às 10h44
Comentários FAKE. Quem apoia um STF cheio de bandidos mostra a cara para o povo.
28 de Sep / 2021 às 08h59
Concordo plenamente seu João. Esta é uma prática já conhecida de comentarem seus próprios textículos. A campanha de Fake News, tentando ludibriar os incautos, não vai mudar o voto de quem não quer o comunosocialismo bolivariano. Nem que fraudem de novo as urnas.