O Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) emitiu um alerta de emergência hídrica entre junho e setembro para cinco estados brasileiros: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
A falta de chuvas na região da bacia do Rio Paraná, que concentra importantes usinas hidrelétricas como Jupiá, Ilha Solteira, Porto Primavera e Itaipu, é considerada crítica.
Dados divulgados em abril pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico apontaram que, entre setembro de 2020 e março de 2021, as hidrelétricas do Brasil receberam o menor volume de chuvas em 91 anos. A área mais afetada estava localizada entre São Paulo, Mato Grosso do Sul, Sul de Goiás e Oeste de Minas. Nessa região, 248 municípios estavam em condições consideradas de seca extrema, categoria anterior ao pior da escala de cinco níveis, a seca excepcional.
A consequência imediata da falta de chuva nas regiões das bacias hidrelétricas é o aumento na conta de luz. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) acionou a bandeira vermelha patamar 2 para o mês de junho, significa que a cada 100 kWh consumidos haverá um custo extra de R $6,24.
Segundo a ANEEL, os principais reservatórios das usinas hidrelétricas estão em níveis baixos, o que leva ao aumento da produção de usinas termelétricas. Esse tipo de energia é mais cara de ser produzida, além de ser mais poluente. O Brasil expandiu a rede termelétrica após a crise energética de 2001. A ideia é que a rede funcione como um “backup”, já que, diferentemente das usinas hidrelétricas, elas não são afetadas por mudanças climáticas.
Entretanto, segundo especialistas, não há risco de racionamento de energia para 2021. Caso o cenário piore – ou seja, a quantidade de chuvas em 2021 seja tão baixa quanto a do último trimestre de 2020 –, haverá redução compulsória do fornecimento de luz aos consumidores finais em 2022.
A água é essencial para irrigar plantações e para ser consumida por animais. Diante da falta dela, a alta nos preços dos alimentos é quase um efeito imediato.
O cenário de aumento de preços fica ainda mais preocupante por ocorrer durante a pandemia de COVID-19, que já diminuiu o poder de compra de 40% dos brasileiros, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, de maio de 2020. Do total de entrevistados, 23% perderam totalmente a renda e 17% deles tiveram redução no ganho mensal.
Muitas famílias também sofrem com o desemprego, que atingiu o maior nível dos últimos 10 anos. Segundo o Instituto Brasilerio de Geografia e Estatística, no primeiro trimestre deste ano foi registrado o recorde histórico de 14,7% de desempregados no país. O número também mostra um crescimento de 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
FALTA DE CHUVA: Segundo Lizandro Gemiacki, coordenador do 5° distrito meteorológico (DISME) do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Minas Gerais é um dos estados afetados por conta da baixa precipitação nos meses chuvosos. “A gente tem a estação chuvosa, que vai de outubro a março, e a estação seca, que vai de abril até setembro.
Nessa última estação chuvosa, a gente teve os últimos três meses muito secos em grande parte dessa região, da região central e do sudeste do Brasil. Aqui em Minas, não houve chuvas significativas desde meados de março”, explica Gemiacki.
Segundo especialistas, o desequilíbrio ambiental provocado pelo desmatamento descontrolado de matas nativas é um dos grandes causadores da baixa precipitação mesmo naqueles meses que ela deveria acontecer. De acordo com levantamento do Imazon, em abril de 2021, o desmatamento na Amazônia Legal atingiu 778 km², aumento de 45% em relação a abril de 2020.
Na Região Metropolitana de BH, o abastecimento de água não deve ser tão afetado pela seca. Os níveis dos reservatórios do Sistema Paraopeba estão acima de 90%.
Jornal Estado de Minas/Luiza Rocha (*) e Maria Irenilda Pereira
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