Em um momento em que os brasileiros já vivem a expectativa de constantes aumento na conta de energia devido a queda do nível dos reservatórios do país, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) realizou na última terça-feira (01) a 6ª reunião em 2021 de acompanhamento das condições de operação do Sistema Hídrico do Rio São Francisco.
Com uma contextualização sobre a ocorrência de chuvas nos últimos meses, o pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem), Giovanni Dolif, pontuou em uma linha histórica a precipitação pluviométrica ocorrida.
“Na temporada do ano passado, tivemos chuvas que até superaram a média, já neste ano hidrológico de 2020 a 2021 ficamos abaixo da média, em uma situação deficitária, próxima da curva crítica e até setembro a situação, com relação às chuvas não deve mudar muito”.
O superintendente de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas (ANA), Joaquim Guedes Corrêa Gondim Filho, ainda destacou que embora o momento seja de baixas vazões, foi possível manter o armazenamento nos reservatórios.
“A primeira constatação é que a ‘caixa d’água’ do sistema, vamos dizer assim, que fica em Minas, região sudeste, está sofrendo escassez, então a bacia na parte de maior contribuição também está sofrendo por déficit de vazões, mas a parte boa da história é que o sistema através da Resolução 2.081 conseguiu preservar os reservatórios”.
De acordo com a última atualização de 31 de maio da ONS, os reservatórios da bacia do São Francisco estão nos seguintes patamares: Sobradinho com 63,59% do volume útil, Três Marias com 65,95% e Itaparica com 54,27%.
Mediante o cenário, que segundo as projeções, indicam alerta para o armazenamento do volume útil atual e o volume armazenado ao final do período seco, a representante Luana Gomes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) explicou que o ONS apresentou a Agência Nacional de Águas (ANA), encaminhamentos que consideram as condições hidrológica adversas pelas quais vem passando o Sistema Interligado Nacional (SIN), encaminhou carta em 24 de maio de 2021 apontando a necessidade de adoção de medidas adicionais e excepcionais para garantia do atendimento eletroenergético do SIN. Dentre as medidas, foi solicitada a realização de operação especial nas UHEs do rio São Francisco, especialmente para atendimento aos requisitos de potência ao final do período seco, de maneira a contar com os recursos disponíveis sem ter curvas de segurança, conforme determina a resolução ANA 2.081/2017.
Considerando a operação especial na bacia do São Francisco, o ONS propôs a adoção da possibilidade de praticar defluências máximas da UHE Xingó de 1.500m³/s em setembro, 2.500 m³/s no mês de outubro e 2.500m³/s em novembro de 2021.
Além disso, também propôs a adoção, a partir de junho deste ano, da possibilidade de prática de influências mínimas de 800m³/s da UHE Xingó, a fim de assegurar melhores condições de armazenamento nos reservatórios da bacia no período antecedente ao meses de máxima defluência.
Reforçando o posicionamento de preocupação com os usos múltiplos, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda destacou a ausência de discussões mais profundas que considerem as diversas formas de uso da água da bacia e não apenas para a geração de energia.
“O Comitê mantém a posição de não concordar de pronto com as solicitações do ONS numa condição em que não temos como avaliar esse cenário. Precisamos ter um olhar mais cuidadoso. Sem crítica aos movimento do Operador Nacional do Sistema, entidade de direito privado da qual fazem parte os importadores e exportadores de energia e empresas hidrelétricas, enfim onde conjuga capital público e privado e evidentemente que opera dentro de uma lógica econômica, mas essa lógica que se opera não, necessariamente, atende a todos os usos múltiplos. Então é uma questão complexa e fica evidente que há uma grande contradição, crescente nesse momento, diferente do século passado, entre a utilização dos reservatórios para hegemonicamente gerar energia e os outros usos. Esses conflitos estão se aprofundando e a gente não vê uma discussão mais estratégica para resolver isso”, destacou.
A próxima reunião está marcada para o dia 06 de julho.
CHBSF
1 comentário
04 de Jun / 2021 às 09h19
quando estava com 90% de capacidade, gastaram como se não houvesse amanhã... agora é esse choro... vcs gerenciam mal a água e agora a culpa é de São Pedro.