A vontade de acreditar e até mesmo dar um pouco de confiabilidade a um projeto político que muitos, ou até alguns milhões acreditam, vez por outra, ou quase sempre, depara-se com cenas marcadas por atitudes do Presidente da República, nem sempre tão condizentes com a postura do Chefe de Estado que se deseja para o Brasil. Não é à toa que o seu índice de aprovação inicial decresce violentamente... Eis a pergunta: Será que não existe na sua Assessoria uma pessoa, sequer, com parcimônia e credibilidade, em quem esse cidadão possa ouvir?
O Presidente pronunciar palavrões na hora de desabafos com repórteres, já virou lugar comum e, em nenhum momento, deve ter lhe passado à cabeça o quanto isso representa de péssimo exemplo para a juventude, em visível contradição com aquilo que os pais desejam passar aos filhos. Alguém, jocosamente, já disse: “tira as crianças da sala que o Presidente vai falar”! Permito-me não repetir palavras tão chulas que já ouvimos ao longo desses dois anos, ditas em frequentes explosões incontroláveis de ira. Às vezes imagino que ele ainda não se sente incorporado à liturgia do cargo, ou não está nem aí para o tamanho da envergadura que o cargo representa!
Diria que palavrões são apenas um detalhe, se formos avaliar a dimensão e o grau de indiferença diante da tragédia que o povo brasileiro está vivenciando. Quando o vemos sorridente diante do agrupamento de apoiadores que o seguem nas já regulares saídas públicas para entrevistas ou caminhadas eleitoreiras, que mais parecem grupos cadastrados e ensaiados para o sorriso aberto e o grito choroso de “Mito, mito, mito...”, não parece que já ultrapassamos no País o registro de mais de 430.000 vidas perdidas! Alguém de pés no chão, de senso crítico e um mínimo de sensibilidade, estaria se apresentando de forma sóbria e olhar preocupado para o quadro pandêmico, mesmo com a chegada das senhoras vacinas.
Ora, se essas aglomerações ocorrem em Brasília de segunda a domingo, ou mesmo quando visita outras cidades para algum evento, seguindo sempre o mesmo script, passa-nos a lembrança de algo programado, e que ocorria durante o domínio político do PT em tempos idos! Aliás, faz lembrar as caravanas do MST que deixavam a área rural e se deslocavam em ônibus para marcar presença, sempre, onde estivesse Lula ou Dilma. Tempos da tão esperada mortadela, e que não se deseja a volta, jamais! Já basta de Circo!
Mas, o cenário político atual ganha um outro viés a ser considerado, em razão do circo instalado em Brasília, e que agora ganhou mais notoriedade com a CPI do Coronavírus, no Senado Federal, onde o que muito se ouve são expressões como “mentiroso”, “V. Exa. é um vagabundo!”, e outras tantas afrontas e agressividades. Apesar de levar como referência o nome do COVID-19, na verdade a Comissão vem se constituindo no palanque político para possíveis candidatos ou com o objetivo de desconstruir alguns nomes. E isso é inegável e lamentável.
Era de se imaginar que as investigações sinalizassem um propósito corretivo dos erros eventualmente praticados pelos que estão na linha de frente do combate à Pandemia, ou seja, Estados e Municípios, ou na preocupação em dotar de mais eficiência as ações que melhorem a defesa do cidadão contra o vírus que mata tanta gente. Inversamente, percebe-se que o interrogatório aos depoentes bate exaustivamente na tecla do “sim ou não?”, com mais evidência na ansiedade em crucificar alguém do que, propriamente, participar utilmente do processo. Ou seja, propor algo de positivo, nem pensar, mas, detonar alguém é só o que podemos ver!
Oxalá, esse grande circo armado em Brasília não se detenha apenas a fazer grandes espetáculos, mas, reencontre os caminhos da seriedade e faça um bem ao país, condenando os que desviaram dinheiro da Saúde, e viabilizando a mais rápida vacinação dessa grande massa de irmãos brasileiros, que até então estão à mercê da sorte contra tanta perversidade e desdém de uma doença tão letal.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador – BA.
14 comentários
16 de May / 2021 às 23h06
Sua judiciosa crônica chega num oportuno momento. Parabéns pelo texto! (Salvador-BA).
16 de May / 2021 às 23h11
Excelente. Parabéns! (Irecê-BA).
16 de May / 2021 às 23h13
Falou a verdade, Agenor. Belo artigo. (Salvador-BA)
16 de May / 2021 às 23h19
Gostei do artigo, concordo com o que escreveste, no fundo Brasília cada vez mais artificial, programada para políticos aparecerem, prato cheio para corruptos. Muita tristeza! (Rio de Janeiro-RJ).
16 de May / 2021 às 23h25
Verdade. (Feira de Santana-BA).
16 de May / 2021 às 23h30
Parabenizo o amigo pela excelente reflexão ATUAL, o que falta nesses políticos do Circo é MORAL (Rio de Janeiro-RJ)..
16 de May / 2021 às 23h37
Parabéns pelo texto. (Salvador-BA).
16 de May / 2021 às 23h39
Se o circo está armado. Espetáculos não faltarão. Só sei de uma coisa: não merecemos esse circo.!!!
16 de May / 2021 às 23h41
Obrigado pelo texto, querido amigo Poeta e escritor. SAÚDE! (Salvador-BA).
17 de May / 2021 às 03h26
É seu Agenor Santos, belo texto de esquerdista. É muita dor de cotovelo. Prefiro um presidente dizendo palavrões a um presidente LADRÃO, daquele que rouba seu dinheiro e compra os pobres com migalhas e deixando o paiz sem rumo.
17 de May / 2021 às 07h46
No inicio achei que seria um texto tendencioso, mas foi muito feliz em suas colocações. Parabéns!
17 de May / 2021 às 08h53
Caro Agenor, rogo que apenas o circo esteja armado, pois o nível de stress demonstrado nos interrogatórios da CPI do covid, com objetivo de obter apenas um “sim ou não?”, me deixa apreensivo, na eventualidade de algum dos “interrogadores” portarem uma arma de fogo (o que não duvido). Imitando as velhas cenas de pastelão e suas tropelias, logo me recordo do ditado: “Se cobrir, vira circo, se cercar vira hospício”.
17 de May / 2021 às 08h56
E seguimos na esperança de um futuro melhor para nossos filhos e netos. Será que com um futuro tão tecnológico, vai haver uma máquina para colocar um pouco de amor à pátria no coração dos políticos do nosso país?!?! (Salvador-BA)
17 de May / 2021 às 10h57
BOZO E SEUS GADO SO SE PREOCUPA PARA DEFENDER OS FILHOS E OS AMIGOS, E A POPULAÇÃO QUE SE LIXE