A cúpula da CPI da Pandemia articula um depoimento longo do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, na próxima quarta-feira (5), com o objetivo de exaurir o general do Exército que comandou a pasta por quase um ano.
A avaliação do chamado G7, grupo de senadores independentes e de oposição que forma a maioria da Comissão Parlamentar de Inquérito, é a de que Pazuello pode não aguentar e sucumbir à pressão, entregando informações que são consideradas fundamentais para a CPI.
Neste cenário, para desmontar a estratégia do governo, que montou uma força-tarefa de treinamento para o general, a ideia é fazer com que a oitiva do ex-ministro entre pela noite de quarta. O depoimento está agendado para começar às 10h.
Integrantes da CPI disseram à CNN que, durante o depoimento de Pazuello, alguns temas serão explorados com mais afinco. Entre eles, o fato de o general não ter criado qualquer obstáculo para o incentivo do uso da hidroxicloroquina como medicamento para o tratamento da Covid, mesmo sem eficácia comprovada.
Os senadores planejam uma série de questionamentos sobre a produção e distribuição no país de remédios ineficazes para combater o novo coronavírus, o projeto do aplicativo para auxiliar médicos a prescreverem o chamado kit Covid, o TrateCov, e as falhas da comunicação da pasta durante a crise.
A crise sanitária no Amazonas, que desencadeou o movimento pela instalação da CPI da Pandemia, tende a ocupar espaço importante do depoimento de Pazuello. Os senadores vão explorar as ações e omissões do governo federal para frear o agravamento da pandemia naquele estado.
A falta de oxigênio para os pacientes internados, as possíveis irregularidades em contratos, fraudes em licitações, superfaturamentos, desvio de recursos públicos, assinatura de contratos com empresas de fachada para prestação de serviços genéricos ou fictícios estão entre os pontos a serem tratados, como está registrado na finalidade da comissão.
Mandetta e Teich
O primeiro a prestar depoimento na CPI da Pandemia, na próxima terça-feira (4), será o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM). A CNN apurou que, durante a oitiva, os senadores vão se debruçar sobre a possibilidade de a gestão Mandetta não ter se preparado para a chegada do vírus ao Brasil, uma vez que a Covid-19 já tinha se espalhado pelo mundo.
Há a avaliação de que o Ministério da Saúde poderia ter implementado uma série de ações de modo a construir uma barreira sanitária no país, minimizando os efeitos da doença entre os brasileiros.
No mesmo dia, à tarde, Nelson Teich também será ouvido pela comissão. A ideia é se debruçar pelo período exíguo em que o oncologista ficou à frente da pasta --ele deixou o governo antes de completar um mês no cargo. Os senadores pretendem confirmar se, de fato, sua saída foi motivada pela recusa em assinar um protocolo sobre o uso da cloroquina pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Fonte: CNN Brasil
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