Artigo: Homenagem a Justo

É comum nestes momentos falarmos do que não foi cumprido, do que ainda havia pela frente. É comum falarmos da falta, da ausência, mas hoje quero fazer diferente.

Justo era presença notável onde estivesse, na sala de aula, sendo o contraponto e livrando-nos da insossa unanimidade, no rádio com todo seu talento, nos trabalhos que fazíamos juntos com toda sua dedicação e nos intervalos com sua alegria e intensidade.

Justo me mostra o quanto é preciso coragem para sonhar. O homem de 50 anos que entrou numa faculdade para ser jornalista e que ousava pensar grande. Não era só a questão de ter um diploma, um hobby, ele acreditava no que fazia, queria se destacar no novo desafio. E conseguiu.

Zig Ziglar dizia que podemos chegar aonde quisermos, basta que ajudemos as outras pessoas a chegarem aonde querem. Justo me faz acreditar nisso. Ajudava-nos em projetos dos quais nem participava, fazia vinhetas para meus quadros nas rádios, ensinava-nos a editar com paciência, mesmo sabendo que a gente não absorveria muito e nem tinha mecanismos para colocar em prática. Sempre nos recebeu de portas abertas no seu estúdio e na sua casa.
 
Há pessoas que escolhemos ter por perto, tem até um ditado que diz que os amigos são a família que a gente escolhe. Mas nosso caso era diferente. Eu não sei como me aproximei de Justo, Lorena e Marcus, e mesmo com nossas divergências e pontuais chateações, sem que nos déssemos conta, logo estávamos juntos de novo. A vida tem dessas coisas, e onde há muito sentimento, faltam explicações.

Em 2018 eles me prepararam uma surpresa de aniversário, e Justo acabou perdendo por estar substituindo o técnico do laboratório de rádio. Ele estava ajudando outros colegas sem ganhar nada em dinheiro ou pontos acadêmicos, colegas que nem eram tão próximos, no entanto, a gente sabia que ele nem cogitava não ajudar. Um gigante em educação e generosidade.

Hoje eu não quero olhar para o que você poderia ter feito, não seria justo. Não seria Justo. Você fez muito e eu tenho certeza que Enzo vai saber por todos do pai incrível e dedicado que teve.

Foi radialista e jornalista, sonhou e amou na vida.

Até breve, meu amigo!

*Renata Alves-jornalista