O início da vacinação contra a Covid-19 em Pernambuco, na última segunda-feira (20), levantou debate sobre o uso de luvas no ato da imunização. Imagens dos aplicadores sem o material de proteção geraram a discussão.
De acordo com o Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação do Ministério da Saúde, publicado em 2014, o uso da luva para a vacinação não é obrigatório, salvo em casos específicos, como quando o vacinador ou o paciente apresentam lesões de pele.
"A administração de vacinas por via parenteral [injetável] não requer paramentação especial para a sua execução. A exceção se dá quando o vacinador apresenta lesões abertas com soluções de continuidade nas mãos", diz trecho do documento.
A recomendação foi reiterada pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), em documento publicado nessa terça-feira (19). Em casos raros, há necessidade de uso das luvas se o vacinador precisar entrar em contato com fluidos corporais do paciente, como sangue ou secreções.
"Antes de iniciar a paramentação, lave as mãos com água e sabão ou higienize com solução alcoólica a 70%", recomenda o Cofen, que ressalta a importância da higiene das mãos.
O infectologista Demócrito Miranda diz que o uso de luvas pode até prejudicar o ato da vacinação. “Não tem nenhuma recomendação de se usar luva. Talvez seja até pior porque a pessoa não conseguiria lavar as mãos corretamente”, diz.
Demócrito acrescenta que não há risco de contaminação no momento da aplicação, desde que a assepsia seja feito de forma correta. “A transmissão do vírus é feita por vias respiratórias. Se está com a mão suja, não deve pegar outra pessoa. Quem está manuseando a vacina só estará pegando o material”, continua o médico.
A enfermeira Rubiane Souza e Silva afirma que o que precisa ser reforçado é a prática de higienização das mãos antes e após o contato com os pacientes.
“Eu preciso higienizar minhas mãos, antes de manipular a vacina, antes de aspirar [da ampola] e após o término da aspiração, quando for administrar no paciente e antes e após a administração”, explica.
A profissional ressalta a recomendação do Cofen do uso apenas nos casos específicos de lesões e cita a importância de não se usar objetos no braço no ato da vacinação.
“É preciso cuidado com os adornos como relógios, pulseiras e alianças. Os profissionais precisam estar livres de adornos nas mãos e antebraços para diminuir o risco de contaminação”, alerta. Esses objetos podem servir como meio de cultura para os micro-organismos, independente do vírus da Covid-19.
Como lavar as mãos corretamente?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda o passo a passo de como as mãos devem ser higienizadas corretamente pelos profissionais de saúde. Veja:
1. Antes de contato com o paciente
Quando? Higienize as mãos antes de entrar em contato com o paciente.
Por quê? Para a proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos presentes nas mãos do profissional e que podem causar infecções.
2. Antes da realização de procedimento asséptico
Quando? Higienize as mãos imediatamente antes da realização de qualquer procedimento asséptico.
Por quê? Para a proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos das mãos do profissional para o paciente, incluindo os microrganismos do próprio paciente.
3. Após risco de exposição a fluidos corporais
Quando? Higienize as mãos imediatamente após risco de exposição a fluidos corporais (e após a remoção de luvas).
Por quê? Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência imediatamente próximo ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes.
4. Após contato com o paciente
Quando? Higienize as mãos após contato com o paciente, com as superfícies e objetos próximos a ele e ao sair do ambiente de assistência ao paciente.
Por quê? Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência à saúde, incluindo as superfícies e os objetos próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do próprio paciente.
5. Após contato com as áreas próximas ao paciente
Quando? Higienize as mãos após tocar qualquer objeto, mobília e outras superfícies nas proximidades do paciente – mesmo sem ter tido contato com o paciente.
Por quê? Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência à saúde, incluindo superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes.
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