“Com chuva, sem chuva, com sol, sem sol, com coronavírus, sem coronavírus, nós tamo aí, tá? na coleta, correria, tirando seu lixo pra evitar mais proliferação de doença enquanto vocês estão dentro de casa, beleza?”.
Eles, os garis, estão nas ruas de Juazeiro e Petrolina envolvidos com varrição, lavagem de ruas, avenidas e escadarias, limpeza de bueiros, orlas e praças e retirada de entulhos. Essas tarefas fazem parte da rotina dos garis. Mas quem pode imaginar o dia a dia desses profissionais? São pais, atletas, donas de casa. No mundo dos garis, há um pouco de tudo.
A reportagem da REDEGN esteve conversando com alguns desses profissionais. Ainda na madrugada alguns já se preparam para o trabalho. Por exemplo, Adelia de Oliveira Silva, adora a profissão. A rotina dela começa todos os dias às 4h30 da manhã. Assim como diversos garis, ela acorda nesse horário, organiza algumas coisas dentro de casa e segue para o bairro Angari e Orla. "Começo o dia já pensando em trabalhar. É praticamente um exercicio. Mexe, movimenta o corpo todo".
O gari Jose Alves diz que é exatamente isto, a profissão de gari "É um atletismo ser gari. É exercício. É correria pra todo lugar. Mas isso é ótimo para a saúde, ainda mais porque a equipe é boa. Durante o trabalho, eu canto! E canto de tudo: pagode, música evangélica, o que vier à cabeça", contou.
De acordo com a secretaria de comunicação de Juazeiro já foram recolhidas mais de 150 toneladas de lixo somente na semana passada, do dia 04 ao dia 08 de janeiro. Imagine então o trabalho desses profissionais. E quem acha que o trabalho pesado os tira do sério está muito enganado. "Trabalhar dignifica o ser humano. Imagine se não fosse a nossa profissão, como ficaria as cidades", diz Adelia.
O termo “gari” surgiu em homenagem ao francês Pedro Aleixo Gary, em 1976. Ele ficou conhecido por fundar a primeira empresa de coleta de lixo nas ruas do Rio de Janeiro.
Mas, apesar da paixão e orgulho desses trabalhadores pela profissão, nem tudo são flores, muito pelo contrário. Diariamente, os garis coletores, que recolhem os sacos de lixo nas portas e acontece as vezes que acabam se machucando durante o trabalho. Isso porque nem todo mundo usa uma palavra chamada “empatia”, que é a capacidade de se colocar no lugar dos outros. Alguns são mordidos por cães, feridos por cacos de vidros e quase atropelados durante o momento em que coletam os sacos de lixo.
“É uma profissão que tem diversas dificuldades. O que a gente reforça para os moradores da cidade são as coisas básicas como acondicionar de forma correta o lixo residencial, embalar bem os cacos de vidro, descartar de maneira correta os produtos, cuidar dos seus cães e dirigir com prudência, já que muitos dos garis tem a função de andarem pelas ruas, avenidas e correm o risco de serem atropelados por motoristas”, explicou José Alves.
Todavia, a principal reclamação dos garis é a falta de reconhecimento da importância do papel deles na sociedade. "Trabalhamos muito e tem gente que nem percebe. Em alguns casos limpamos e em pouco tempo no mesmo lugar já tem lixo. Ajudamos na limpeza da cidade, na saúde do município, mas as pessoas nos chamam de lixeiros. Isso nos entristece. Elas não entendem que enfrentamos varias situações para desenvolver nosso trabalho", desabafou José.
Redação redeGN Fotos Ney Vital
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