No dia a dia, deparamo-nos com muitas ocasiões de graves incertezas, quando a tomada de uma decisão pode sofrer brutos bloqueios ou, se ela é adotada de forma precipitada, pode provocar algumas consequências negativas. De maneira mais amena, a indecisão pode acontecer durante a tortura que precede à escolha do produto ideal durante as compras de confecções ou móveis, mas, quando conclui que a aquisição de uma determinada peça foi indevida, logo o impasse é resolvido pelo simples processo de troca nas lojas.
Dentre muitas outras qualidades que integram o perfil de um líder, uma delas tem especial importância: “ser determinado e saber tomar as decisões mesmo que não disponha das informações necessárias”. Quando um setor de Recursos Humanos de uma empresa realiza uma entrevista de emprego, naturalmente que, com toda habilidade e sutileza, o entrevistador procura identificar, criteriosamente, todas as qualidades que integram o perfil do candidato, principalmente a sua capacidade de “tomar decisão” nos momentos mais graves e delicados do trabalho que passará a realizar.
Já para a escolha de candidatos a Prefeito, Governador e Presidente, a legislação não prevê uma entrevista prévia desse nível e com critério seletivo, daí decorrem as surpresas e decepções! Diga-se de passagem, muitas das surpresas já começam até mesmo durante a campanha eleitoral e, na maioria das vezes, o eleitor deixa-se enganar.
Na gestão de empresas privadas ou públicas, bancos ou autarquias, órgãos estatais e Ministérios, o seu líder principal é cobrado não somente pelo grau de eficiência administrativa, desempenho e resultados, mas, sobretudo, pela competência, firmeza e segurança no exercício do poder decisório. Se demonstra debilidade de iniciativa e falta de determinação no encaminhamento das soluções, significa não estar correspondendo às expectativas daqueles que o nomearam ou o elegeram para o cargo.
Essas breves reflexões sedimentam as bases de uma análise sobre um cenário ocupado por autoridades muito inconstantes, que emitem declarações vazias e chulas, anunciam decisões pela manhã, e recuam à tarde, ou no máximo no dia seguinte... Precipitações e inseguranças têm sido a tônica desses devaneios do Poder atual.
Para ilustrar, recordo alguns fatos ocorridos ao longo dessa trajetória de quase dois anos: a) Exonerou o Secretário-Executivo da Casa Civil, Vicente Santini, por ter usado avião da FAB para se deslocar de Brasília a Davos, na Suíça, e à Índia – que poder! -, e logo o renomeou como Assessor do Ministro do Meio Ambiente; b) Anunciou a separação da Pasta da Segurança Pública do Ministério da Justiça, e dias após mudou de ideia; c) Fundo Eleitoral: o Congresso aprovou a verba de 2 bilhões de reais incluída pelo próprio governo na LOA, e este decidiu vetar o que propôs; dois dias depois, novamente voltou atrás; d) O então ministro da Educação, Ricardo Vélez, disse que pretendia retirar o termo "golpe militar" dos livros escolares. Os próprios militares se irritaram e ele voltou atrás; e) Poucos dias depois de dizer que não desligaria o ministro da Educação, Ricardo Vélez, Bolsonaro anunciou sua demissão; f) Depois de Bolsonaro intervir na Petrobras em uma tentativa de controlar o preço do diesel, o ministro da Economia, Paulo Guedes, desautorizou o Presidente de sua decisão; g) Contrassenso: Se o Presidente declara de público, e com exagerada ênfase, que “eu não vou me vacinar, e pronto”, está passando ao seu povo um lamentável e grosseiro mau exemplo! Acho que basta, porque o estoque é vasto, e ficará muito extenso o texto.
Impõe-se uma urgente atitude de amadurecimento e reflexão desses governantes, pelo reconhecimento de que é preciso maior controle verbal daquilo que dizem e responsabilidade nas decisões anunciadas, uma vez que é através do exemplo que também se contribui para a melhoria da cultura de um povo.
E por falar nisso, a quantidade de gente sem proteção facial (máscara) está cada dia maior, o que está pondo em risco a saúde de toda a nossa gente! E quem estimula esse péssimo exemplo? Chega de ficar sorrindo diante das DECISÕES... DOS INDECISOS!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador - BA.
6 comentários
20 de Dec / 2020 às 23h05
Agenor, você brilhou! Concluindo que a escolha desse Presidente, sem nenhuma capacidade para o cargo, foi um triste desastre... Abraços, amigo (Salvador-BA)
20 de Dec / 2020 às 23h11
Apoiado no escrito e ainda mais, estou descontente com esse desgoverno que pensei e achei que podia melhorar o nosso grande BRASIL. (Rio de Janeiro-RJ).
20 de Dec / 2020 às 23h16
Caro Agenor, esta é mais uma excelente crônica para lembrarmos e fazermos uma reflexão do que vivenciamos. Ainda bem que você parou na letra “f”, pois diante de tantas idas e vindas, com absoluta certeza faltaria letras no alfabeto de A a Z.
20 de Dec / 2020 às 23h17
Aprovado o texto, ao menos para mim. (Salvador-BA).
20 de Dec / 2020 às 23h23
Existe seguidores, admiradores e servidores de líderes, cada um deles fica indeciso sobre se acompanha ou não os seus "ídolos". Gostei da crônica. Prefiro ser um seguidor e servidor do Cristo, mesmo sabendo que não somos maioria, mas acredito nas palavras Dele e o Seu Exemplo. (Salvador-BA).
21 de Dec / 2020 às 01h10
Tudo bem explicadinho nos mínimos detalhes, mostrando realmente idas e vindas, vai e volta e meia volta volver etc etc... Essa especie de amadorismo já passa da hora de acabar. Ou então é para confundir tudo e todos...