Professores apontam que pandemia trouxe uma onda de demissões em massa dos profissionais de educação

A pandemia não dá trégua aos professores. Além dos desafios de adaptação ao ensino remoto, ela trouxe uma onda de demissões em massa dos profissionais de educação.

Segundo uma estimativa da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), com a lei que obriga as escolas baianas a darem descontos de até 30%, já em vigor, 30 mil professores que trabalham na rede particular de ensino podem ser demitidos na Bahia até o final do ano.

“Esse desconto vai matar o setor. Há uma perda grande de contratos na Educação Infantil, principalmente de crianças de 0 a 3 anos. Não tem como pagar sem receita e isso pode ocasionar sim, demissões maiores do que as que já estavam acontecendo”, afirma o presidente da Fenep, Ademar Batista Pereira.

O Sindicato de Professores de Escolas Particulares da Bahia (Sinpro-BA) reconhece o aumento do número de professores desempregados. De acordo com a entidade, nos últimos cinco meses, os desligamentos na Educação Infantil e no Ensino Superior alcançaram um patamar entre 30% e 40%, como pontua o coordenador geral do Sinpro-BA, Allysson Mustafa.

“As escolas se justificam pela redução de receitas e  necessidade de adequação ao momento. Enquanto isso, os professores vivem  de demandas excessivas, medos e  perda de renda”.

As aulas presenciais estão suspensas na Bahia desde março. Será que os alunos vão encontrar seus professores quando a escola reabrir? O Grupo de Valorização da Educação (GVE), que reúne mais de 60 escolas em Salvador e Região Metropolitana, não dá garantias quando a isso. Para o representante do coletivo, Wilson Abdon, é difícil manter uma escola diante de uma inadimplência que chega a 50%.

“As escolas continuam em risco, devido a grande perda de alunos. As demissões ainda não foram realizadas nas escolas do grupo, mas estão na mesa. Vai depender da situação de cada entidade”.
 
O diretor do Sindicato das Escolas Particulares da Bahia (Sinepe-BA), Jorge Tadeu,  não abre a planilha de gastos, porém, é mais um que insiste que a conta das escolas não está fechando. “As escolas são empresas com fôlego financeiro restrito”, ressalta.

Segundo dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI-BA), o setor de educação mercantil (educação privada) apresentou uma retração de 27% no segundo trimestre comparado com o mesmo período do ano anterior. Para o diretor de Indicadores e Estatística da SEI e presidente  do Conselho Regional de Economia (Corecon-BA), Gustavo Casseb Pessoti, em vez  de pressionarem a volta das aulas presenciais, as escolas deveriam cobrar incentivos do poder público.

“O recurso que foi prometido pelo governo federal não chegou. Uma escola é uma empresa. Não dá para evitar demissões se não houver esse incentivo. A única solução é crédito”. 

Correio 24hs Foto Ilustrativa