Em entrevista concedida na manhã deste domingo (30) no programa Mensageiro Rural, na Rádio Juazeiro, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro (BA), José Manoel dos Santos (Zezinho), e Nadson Santos, representante dos cortadores de cana, externaram a preocupação com relação a medidas tomadas, de forma monocrática, por representantes da Justiça, em Petrolina, determinando a suspensão da atividade do corte de cana na empresa Agrovale, responsável pela maior geração de empregos na região, notadamente na categoria que o sindicato representa.
José Manoel informou que representantes da categoria se reuniram nos últimos dias para avaliar posições a ser tomadas em virtude do “colapso” que essa decisão representa para os trabalhadores e os impactos que ela causa na economia regional:
"Recentemente o Ministério Público do Estado de Pernambuco conseguiu uma liminar proibindo a queima da palha da cana na empresa Agrovale e isso fez com que o sindicato acompanhasse mais de perto ainda a situação dos trabalhadores, onde envolve milhares e milhares de vagas de empregos, através de uma decisão monocrática, do ministério Público do estado de Pernambuco, tomando uma decisão de tal dimensão e de grande impacto”, disse, ressaltando a importância de uma outra decisão, em instância superior, que suspendeu a liminar e voltou a permitir que os trabalhadores possam continuar exercendo suas atividades.
Nadson Santos, representante dos cortadores de cana, externou sua preocupação com a possibilidade da ação prosperar e cortar milhares de postos de empregos na região: “A Agrovale tem mais de 5 mil funcionários e só no corte da cana tem mais de 1.300 trabalhadores cortando a cana e que dependem do corte da cana... porque isso daí não vai afetar só o corte de cana não, vai afetar o tratorista, que é o que leva a cana para o a usina, o que colhe a cana no campo, isso tudo ai gera emprego pro pessoal. Eu falo 1.300 cortadores mais , só os cortadores...mas tem a área que pega os marginários, os pipeiros, que vai ai numa base de 2 mil empregos, caso chegue a proibir a queima da palha da cana e isso ai não é bom pois vamos ficar sem o emprego”, alertou.
De acordo com Nadson, a empresa pode até mecanizar, mas quem vai sofrer é o trabalhador: “A empresa, se for obrigada a mecanizar, a gente é que vai ficar sobrando...porque a diminuição do emprego ai tá grande, muitos cortadores de cana não tem leitura, não tem estudos pra buscar outros empregos e muitos tem, mas não tem oportunidade de embarcar em outra área. Aí recorre ao corte da cana e é de lá que tira o sustento de toda a família, se isso ai chegar a acontecer e parar o corte da cana aonde é que os trabalhadores vão achar sua renda pra puder se sustentar, sustentar sua família, pra sobreviver?”, questionou.
Para Nadson os benefícios proporcionados pela Agrovale à economia na região precisam ser levados em conta: “É isso ai que a população tem que entender e ajudar, não só criticar o carvão da cana. Eu corto cana a 15 anos e estou bem de saúde, graças a Deus. Tem Armando que é representante que corta cana a há 28 anos, no meio disso e nunca teve nenhum problema de saúde. Pode resultar alguma sujeira, mas a maior renda aqui no município é toda de cana, pro salário dos trabalhadores”, justificou.
O presidente do sindicato, José Manoel dos Santos (Zezinho), informou que a entidade está se mobilizado por entender que “essa é uma decisão que coloca em risco em todos os aspetos, porque imagina se o trabalhador se revolta, quer se mobilizar, fazer passeata, quer fazer manifestação isso pode se agravar essa questão da pandemia”, alertou.
Para ele é necessário olhar com cuidado pra essa questão, com o olhar voltado também para o emprego: “O tribunal de Justiça de Pernambuco entendeu como salutar, caçar a liminar, mas é uma discussão que é de longos anos que nós temos aqui na região e está na hora da população e entidades, Ministério Público, tratar da situação com um olhar voltado para o emprego, para os trabalhadores, para a questão social e não só de observar, muitas vezes por pressão da mídia regional, de alguns que, quer queira, quer não, gostariam de ter nos seus municípios uma Agrovale”, finalizou.
Um levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, que a redeGN teve acesso, aponta que o estado de Pernambuco, de onde partiu a decisão de suspensão das atividades da queima da cana, apresenta apenas 1,2% de colheita mecanizada, enquanto a Bahia se destaca com uma média percentual de 15,1%.
Da redação redeGN
12 comentários
01 de Sep / 2020 às 06h53
A justiça está certíssima tem que acabar a queima ninguém aguenta a fumaça e a fuligem sujando as nossas casas.
01 de Sep / 2020 às 08h04
Infelizmente os que reclamam não pensam no emprego e na economia da região. resido nas proximidades da usina, na zona rual a mais de 30 anos e não tenho nenhum problema respiratório.
01 de Sep / 2020 às 09h12
Peraí? O senhor falou na matéria que há pressão da imprensa regional para acabar com a queimar da cana de açúcar? Então deve ser culpa da imprensa o desemprego, a falta de investimentos em educação profissional e o incentivo aos estudos, culpa.da imprensa se não ofereceram oportunidade de estudo ou não gostam ou tem preguiça de estudar, culpa da imprensa as demissões, as doenças causadas pela fuligem e pelas queimadas...........Façam me o favor!! Agora tudo é culpa da imprensa. Quando querem reinvidicar ou denunciar algo de interesse o primeiro que procuram é a imprensa.
01 de Sep / 2020 às 09h34
Tem que transformar o projeto tourão em um projeto agrícola voltado para a fruticultura. Distribuir melhor os lotes para os agricultores, aqui da cidade mesmo, e não de fora como fizeram com o salitre. Só na Bahia isso acontece. Vai gerar mais renda.
01 de Sep / 2020 às 09h34
Sabemos que a fuligem causa incômodo, mas a importância da Agrovale para Juazeiro é muito grande. São 5.000 pessoas que sustentam suas famílias com o trabalho na empresa, não quero nem imaginar o impacto econômico no comércio e na vida dessas pessoas caso algo de ruim aconteça com essa decisão que veio lá de Petrolina. Triste em ler o comentário insensível de certas pessoas.
01 de Sep / 2020 às 10h00
Acredito que podemos adotar outras medidas de conservação do meio ambiente e ações sociais a população. O que não podemos é apoiar ao desemprego e influenciar a queda da economia local. São mais de 2 mil empregos diretos e indiretos; sem falar no aquecimento da economia local e regional. Pense na família desses cortadores? seus filhos? suas esposas? o que você acharia se a empresa a qual você adquire o sustento da sua casa fechasse ou te demitisse? vamos pensar mais no coletivo e deixar de ver sempre o melhor para si próprio. Juntos somos mais fortes #não ao desemprego!
01 de Sep / 2020 às 10h02
A Agrovale é uma empresa responsável. Ao longo de mais de 45 anos vem sendo decisiva no desenvolvimento do Vale do São Francisco com sua geração de emprego e renda. Os trabalhadores do corte de cana são fundamentais neste processo. É injusto o que estão querendo fazer com eles. Sabemos que a empresa já mecanizou 25% da sua colheita. E, cada vez está investindo. Mas, essa mudança não pode acontecer sem se pensar na empregabilidade dos profissionais do corte de cana. Eu apoio a Agrovale e seus trabalhadores.
01 de Sep / 2020 às 11h05
Se Contra e fácil. Nessa horas que vc não tem parentes que depende do Corte manual pra Sobreviver e manter o justento da sua família, vamos ter um bom Senso é esperar. Sei que a empresa vai tomar todas medidas cabíveis.
01 de Sep / 2020 às 11h44
Já passou da hora de corrigir isso. Danos ao meio ambiente, carvão sem fim...tem que acabar com isso mesmo.
01 de Sep / 2020 às 11h49
Bom dia Geraldo:: Falar sobre a AGROVALE é falar sobre a história de Juazeiro, não dá pra pensar o progresso da região, sem a presença da usina. Hoje vemos a empresa ser bombardeada por acusações de diversos setores da sociedade, principalmente no estado de Pernambuco, ora meus amigos, gostaria que alguém ou algum órgão me apontasse um só óbito causado pela fuligem originada pela queima da cana de açúcar, há mais de 42 anos na região, só agora que vem nessa campanha contra a queima?? A responsabilidade social da empresa é grande, haja visto vários projetos por ela desenvolvidos
01 de Sep / 2020 às 13h30
Já disse: há mais de 10 anos existem usinas que colhem sem queimar. Essa empresa que financia políticos dos dois lados não fez as mudanças necessárias ao meio ambiente porque não quis.
01 de Sep / 2020 às 19h48
A Agrovale é indiscutivelmente a maior geradora de emprego da região. Para quem acha que ela apenas "produz" carvão vai uma reflexão. * De onde que você acha que vem o açúcar que adoça o seu café ou outras guloseimas que você coloca em sua mesa? *O álcool ou gasolina que movimenta seu carro ou sua moto de onde vem? Brota da terra? *A energia elétrica gerada pela empresa é encaminhada para onde? Pode está alimentando seu ar-condicionado ou mesmo sendo usada para carregar a bateria do seu iPhone ou notebook * Seu cargo público pode está sendo pago com o dinheiro arrecadado através de impostos